O anuncio da possibilidade de oferta inicial de ações (IPO) do aplicativo digital da Caixa Econômica Federal, o Caixa Tem, está gerando muita expectativa no mercado financeiro, já que o produto, criado durante a pandemia para viabilizar o pagamento do auxílio emergencial, é utilizado por mais de 75 milhões de brasileiros. Para entender os impactos que a medida pode gerar, o Millenium conversou com o ex-assessor da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Igor Matos. Ouça o podcast!
A proposta é vista como muito positiva para o mercado financeiro e retomada do crescimento econômico, de acordo com a avaliação do especialista. Para exemplificar, o Nubank, que hoje conta com “aproximadamente 25 milhões de clientes, já foi avaliado em 10 bilhões de dólares”, o Caixa Tem com mais de 75 milhões de usuários pode valer ainda mais, especialmente pelo potencial de crescimento que ele apresenta.
“Ao ser feita essa oferta inicial na bolsa de valores, será possível trazer novos investidores e produtos para o portfólio da empresa. Como por exemplo, já se avalia microcréditos, para classes de baixa renda, que são as classes que mais utilizam o aplicativo. Isso representa um potencial de mais de 100 milhões de brasileiros, que podem ser usuários desse braço digital da Caixa, e que podem usar, não só o serviço de receber o benefício por ali, mas a poupança digital, o microcrédito e todos os outros que possam vir com essa inovação”, explicou.
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Matos acredita que o grande fator positivo da pandemia para o Brasil foi uma correção no déficit da digitalização, já que muitas pessoas que não utilizavam nenhum tipo de serviço bancário, passaram a receber os benefícios pelo Caixa Tem.
“Era estimado no ano passado entre 40 a 45 milhões de brasileiros que não participavam do sistema financeiro, os invisíveis, que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, tanto fala. De fato, essas pessoas não tinham conta bancária ou tinham CPF irregular, ou até mesmo faziam parte dos dois grupos. Ao criar o Caixa Tem, a Caixa conseguiu trazer toda essa parcela de brasileiros para dentro do banco”, disse.
As medidas de desinvestimentos do Governo também foram apontadas como responsáveis pelo ambiente favorável a esse tipo de negócio, que não só coloca os brasileiros dentro dos bancos, como também na posição de investidores.
“Nós vemos um ambiente mais propício para as fintechs, empresas financeiras inovadoras e digitais, que estão trazendo vários produtos, na maioria das vezes a custo zero para o consumidor. Dessa forma, vemos também um maior acesso ao sistema bancário, maior carteira de crédito e financiamento. Temos ainda uma melhoria na qualidade dos serviços, porque quando digitalizamos os serviços do governo, reduzimos custos e aumentamos a eficiência e desburocratização”, afirmou.
Previsão de oferta
Embora o IPO da Caixa Tem tenha potencial de criar ativos que movimentem bilhões na Bolsa de Valores, Matos alerta que a possibilidade disso acontecer ainda este ano é remota, já que para transações desse nível devem ser feitas em um cenário menos volátil de mercado.
“Atualmente estamos num cenário de eleições americanas, uma possível segunda onda de covid-19 na Europa, então alguns IPO que a Caixa pretendia fazer ainda esse ano foram postergados. O almejado é que seja feito no próximo ano, mas vai depender do mercado. Para ilustrar, de acordo com o Índice de Volatilidade Americana, a média ideal para uma oferta inicial é entre 20 e 25. Hoje esse índice é de 29, não é tão alto quanto no auge da pandemia, que chegou a 80, mas ainda está um pouco acima”, finalizou.
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