Começa hoje a 45ª edição do Fórum Econômico Mundial, que vai reunir em Davos, na Suíça, a nata da elite econômica, financeira e política mundial.
No ano passado, a presidente Dilma Rousseff participou e sua fala até foi bem-recebida, mas não o suficiente para despertar maior confiança na política econômica brasileira.
Neste ano, ela decidiu trocar o evento pela posse de Evo Morales na Bolívia, mas enviou o ministro Joaquim Levy e o presidente do Banco Central Alexandre Tombini.
Levy, em especial, terá a missão de convencer executivos e investidores de que a política econômica mudou para valer. E para isso, não há palco melhor:
“O Fórum tem sido ponto de referência importante desde os anos 90, e os governos utilizam essa oportunidade para enviar mensagens públicas, particularmente quem quer atrair investimento estrangeiro direto”, diz Carlos Braga, professor de Economia Política da escola suíça IMD, líder em em educação executiva.
O ministro está em uma verdadeira saga de relações públicas dentro de casa desde que chegou ao cargo, o que incluiu até um bate-papo com internautas por meio de uma página no Facebook.
Seus comentários na semana passada sobre o fim do socorro ao setor elétrico agradaram ao mercado e derrubaram a cotação do dólar. Na última segunda, anunciou aumentos de tributos, parte do ajuste fiscal que vem destacando como prioridade. Em Davos, o esforço será para divulgar e explicar suas medidas para os estrangeiros:
“Claro que o Levy poderia dar essa mensagem no Brasil, mas estando lá tem um foco nesse público: presidentes de empresas, investidores, etc. Imagino que o que ele vai transmitir será consistente com o que ele vem anunciado, mas modelado para esse tipo de audiência”, diz Braga.
Ele espera que Levy vá destacar a solidez das instituições brasileiras e o processo de inclusão social da última década para depois focar em áreas de interesse específico daquela audiência, como o cenário regulatório para investimentos e oportunidades em infraestrutura.
O Brasil tenta há anos caminhar para um modelo de crescimento mais voltado para o investimento e que não dependa tanto do consumo. Por enquanto, sem sucesso: a taxa de investimento como proporção do PIB acabou caindo no governo Dilma.
A missão de buscar recursos lá fora se torna especialmente urgente agora que o escândalo da Petrobras deixou as grandes empreiteiras fragilizadas.
A agenda de Levy em Davos deve incluir encontros fechados e falas públicas, mas só será divulgada a cada dia pelo Ministério. Por enquanto, sua presença está confirmada para um debate no sábado sobre o Panorama da Economia Global com os presidentes dos bancos centrais de Japão e Inglaterra, entre outros.
Para hoje, está programado um almoço promovido pelo Itaú e dois encontros bilaterais – um com o ministro de Finanças da Turquia, Mehmet Simsek, e outro com o secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villareal.
Fonte: Exame.
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