*José Roberto Ferro é presidente do Lean Institute Brasil
Um tema frequentemente negligenciado nas discussões das eleições municipais é a responsabilidade que as gestões públicas locais devem ter no sentido de ajudar a criar oportunidades –de desenvolvimento econômico e geração de riquezas para seus munícipes.
Quase sempre há uma passividade nesse sentido, acreditando-se que essas questões estão mais vinculadas às esferas do governo federal e estaduais. As prefeituras podem e devem ser um agente central no sentido de definir, identificar e estimular a vocação econômica de cada cidade, procurando articular-se com todos os atores importantes do município para criar as condições necessárias para gerar renda, riqueza e oportunidades de trabalho e progresso para seus habitantes.
Por exemplo, a cidade do Rio de Janeiro acabou de sediar um evento de extraordinária magnitude e amplitude global, estimulando a vocação já existente da cidade de ser um polo de turismo internacional. Por suas belezas naturais e infraestrutura atual, teria plenas condições de se tornar um dos principais magnetos turísticos do mundo.
Porém, a existência de alguns obstáculos dificulta essa possibilidade. Os problemas de segurança, as más condições ambientais, entre outros fatores, inibem esse posicionamento.
A cidade de São Paulo vem passando há décadas por uma transição importante de polo industrial para se constituir em uma cidade orientada para serviços. Nesse sentido, o que deve ser melhorado para viabilizar e apoiar essa transição?
O investimento no turismo corporativo ligados a eventos e as atividades ligadas à área financeira, entre outras, podem criar condições propícias para a vinda de pessoas de alta qualificação, interessadas em atividades culturais e esportivas, restaurantes etc. Com certeza isso pode criar um ambiente propício para uma cidade moderna e dinâmica.
Campinas já é o centro de uma vasta região metropolitana muito importante, com indústrias de alta tecnologia. Mas pode estimular e reforçar ações no sentido de fortalecer a criação de startups avançadas, para complementar as atividades das grandes empresas, das universidades e centros de pesquisa.
Nesses casos específicos, as prefeituras podem tomar iniciativas importantes. Todas as cidades, independente de seus tamanhos, precisam fazer esse esforço em busca de despertar as vocações econômicas de uma forma sistemática e planejada.
Toda prefeitura precisa criar um plano concreto para definir e viabilizar as ações que vão contribuir para gerar renda e receita para os municípios e assim desenvolver um círculo positivo de crescimento e expansão.
Seria importante que os atuais candidatos conseguissem gerar e estimular esse debate, respondendo as seguintes questões:
– Quais são as atividades econômicas atuais mais importantes na cidade? Qual é a “vocação” e força econômica atual do município?
– Para onde, economicamente falando, o município poderia ou deveria ir? Qual direção vai trazer os melhores resultados?
– Quais são as iniciativas mais simples e eficazes que a prefeitura pode fazer para gerar mais resultados econômicos para a cidade?
Há crescente clamor e uma necessidade pela melhoria da eficiência na utilização dos recursos da gestão municipal – tanto por parte dos prefeitos, das câmaras de vereadores e respectivas máquinas administrativas locais –, no sentido de atender melhor a população através de uma melhor oferta de serviços e infraestrutura.
Essa é certamente uma necessidade premente, mesmo porque pouco progresso tem sido feito nesse sentido. Os candidatos precisam se manifestar mais claramente sobre como vão fazer o que dizem que vão fazer, indo além de programas vagos e metas genéricas.
Precisam definir as ações concretas que serão feitas e os recursos que serão utilizados, conforme enfatizamos na coluna “Candidatos precisam falar mais sobre como fazer”.
Resolver ou minorar os problemas “cotidianos” da cidade, como saúde, transporte, educação, lazer, infraestrutura, violência pública é certamente muito importante. Mas é preciso que os candidatos pensem também no futuro econômico dos municípios, pois é lá que as pessoas trabalham e produzem renda.
Espera-se que as prefeituras possam ser líderes no sentido de agregar, coordenar e articular os esforços para gerar um futuro econômico e social melhor.
Fonte: “Época negócios”.
One Comment