Parecem-me cada vez mais interligados os problemas nacionais e internacionais, embora se possa dizer existirem problemas tipicamente internos e especificamente externos; mas a comunicação entre eles é cada vez mais regular, permanente e visível e se há uma realidade também visível, é que os problemas externos imediatamente decorrentes da crise, ou não, no momento avultam e tendem a aumentar, razão pela qual, fazer previsões a respeito do que vai ou do que pode acontecer converteu-se em matéria de opinião, que qualquer pessoa pode emitir a sua. Isto não muda a face dos problemas, uma vez que as opiniões nem sempre correspondem aos fatos, ou seja, os fatos, na sua objetividade, ignoram, se não zombam das opiniões. O que trocando em palavras quer dizer que o mundo de incertezas continua livre como o movimento dos ares e a variação do tempo. Daí, igualmente, a perplexidade em que me sinto, ora para ver o que ocorre internamente, ora para perscrutar o que andeja além fronteiras.
Um dado, entretanto, que tem a dureza dos fatos inegáveis e a intensidade humana que lhe é inerente, diz respeito à saúde do vice-presidente da República, que tem enfrentado bravamente e com modelar espírito cristão as armadilhas e desenganos que o destino lhe tem reservado. O senhor José Alencar chegou ao Senado depois que eu dele saíra, no entanto, a sua presença chamou-me a atenção lendo entrevista sua ao jornalista Carlos Chagas. Fui visitá-lo. Mantivemos uma troca de apreciações que me confirmaram as minhas primeiras impressões. Em pouco tempo, sua excelência viu-se elevado à vice-presidência da República e nessa situação, que alguém chamou de “mera hipótese de poder”, se houve com discrição e propriedade, o que nem sempre vem acontecendo na história republicana. Ocorre que, já não sei quantas vezes, ele foi chamado a hospitais e salas cirúrgicas, aqui e no estrangeiro, o que naturalmente desperta apreensões e a humana solidariedade. Pois neste momento a mesma se renova. É natural que cada um de nós participe, ainda que à distância e abstratamente, dos seus padecimentos e reformule os votos de bons momentos.
Cumprindo esse dever de solidariedade, sou levado a dizer, o que, aliás, seria desnecessário, que não tenho nenhum prazer, em desgabar as múltiplas ufanias do honrado senhor presidente da República, mas traduzindo um pensamento, que é apenas meu, preocupa-me a facilidade com que se armam fantasmagorias sucessivas, enquanto se esquecem alguns pontos considerados fundamentais em qualquer país e em qualquer tempo. Suponho não estar enganado acerca da real dimensão de problemas que nos atingem. Suponho, igualmente, que não foi por mera distração que o governo federal liberou determinados setores econômicos de ônus fiscal, que dilatou a medida no tempo, o que revela tenha feito por necessidade e não por liberalidade. Ao demais, fala-se que para alguns segmentos cogita-se conceder juro zero nas operações que lhes são específicas..
Contudo, um dos pontos que têm sido apontados como cruciais no mecanismo econômico do país reside na carga tributária. Tem-se dito que o brasileiro paga impostos escandinavos em troca de serviços públicos africanos. Isto não é segredo para ninguém, no entanto, ainda agora no momento em que escrevo, leio que a carga tributária cresce, mesmo com o fim da CPMF, da qual o governo não queria abrir mão e se lançou de todos os meios para impedir e, ainda a despeito da crise global, que embora de nascentes distantes, penetra pela fresta de todas as nações e nestas, em quase todas as casas. A inadimplência crescente é a confirmação do fenômeno. Até aqui não disse nenhuma novidade, nem era meu propósito fazê-lo, mas o que não me parece sensato é repetir indefinidamente fatos conhecidos, inegáveis e inegados, sem que nada seja feito na correção ou na módica correção deles. Fatos que contestamos com a cerúlea versão, segundo a qual, o Brasil vai sair da crise antes das outras nações! Mas não se diz como e por quê. Talvez por geração espontânea.
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