Estava preparando meu texto para o “Especial Eleições 2014” do Instituto Millenium e iria falar sobre economia, contudo, ao constatar um verdadeiro absurdo ocorrido na mais recente eleição presidencial, considerei muito mais importante e premente falar sobre o seguinte tema: a importância de não se ausentar das urnas. Costumo afirmar sempre que a matemática não busca votos, mas gera consequências, em todos sentidos. Não é diferente nos pleitos eleitorais, como irei provar.
Nas eleições presidenciais de 2010 estavam habilitados a participar do pleito 135.804.433 (cento e trinta e cinco milhões oitocentos e quatro mil quatrocentos e trinta e três) eleitores em todo o país, crescimento de 7,8% em relação a 2006, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ocorre, porém, que os resultados do pleito foram os seguintes: a presidente Dilma Rousseff foi eleita com 55.752.483 (56,05% dos votos válidos), já José Serra ficou em segundo com 43.711.162 (43,95% dos votos válidos). A soma foi de 99.463.645 eleitores, o que equivalia a 73,24% dos eleitores do país. Temos, portanto um universo de 26,76%, ou, ainda, 36.340.788 eleitores que simplesmente anularam, votaram em branco, se abstiveram ou não compareceram as urnas.
De acordo com esses números, analisando o universo total do eleitorado, os números da presidente eleita mudam completamente, tendo em vista que, frente ao universo total, a mesma teria apenas 41,05% dos votos válidos, já o segundo colocado ficaria com 32,19% dos votos válidos. Observemos que a diferença de 12,10%, com os números ajustados, fica em 8,86%, algo bem mais desconfortável e mais realista, tendo em vista que observa toda a população brasileira, não apenas os votos que interessam ao ganhador de ocasião.
Voto nulo anula eleição?
Ao analisarmos os números em sua totalidade visualizamos diversos fatos: primeiro, apesar de haver ganho o pleito, frente a população como um todo, a diferença não foi tão grande como propagandeado; segundo, o universo de 26,76% de votos brancos, nulos e abstenções evidenciam a enorme decepção da população com a política em geral, mas, principalmente com o governo do momento, e, em regra quem está no Poder Executivo; terceiro, não se pode falar em legitimidade inconteste quando se tem apenas 8,86% de diferença no universo de toda população do país, manipular esses dados apenas torna ilegítima a legitimidade.
No entanto, o mais grave desses dados do TSE é o fato que eles denotam que o eleitorado brasileiro quer mudanças efetivas, contudo, está demonstrando da forma errada, pois ao anular, votar em branco e se abster apenas fortalece quem se encontra no poder. É essencial que a população compreenda a importância de não se ausentar das urnas e manifestar sua vontade, pois apenas o voto pode mudar a situação atual e não existe democracia sem alternância no poder.
Venho comentando isto a algum tempo, desde 2006 para ser mais exato, e as informações do amigo Sandro Schmitz Dos Santos, colaboram em muito com nossa campanha de conscientização social, irei propagar com muito prazer mais estes dados, parabéns amigo!
http://fuieleitoeagora.blogspot.com.br/2014/03/voto-nulo-anulando-eleicao-o-mito-de.html