Uma economia próspera e equilibrada é o desejo de grande parte dos brasileiros, mas para tanto, é preciso cruzar o atual cenário desafiador por meio de estratégias e ações. Em abril deste ano, o governo promoveu a Infra Week, onde 22 aeroportos, cinco terminais portuários e um trecho da Ferrovia de Integração Leste-Oeste passaram a pertencer à iniciativa privada por meio de leilões. Já se passaram três meses desde o evento, e acompanhar a repercussão dos resultados é fundamental para o desenvolvimento da sociedade.
O editor-chefe da casa de investimentos Apex Partners e especialista do Instituto Millenium, Luan Sperandio, analisa que os impactos têm sido positivos e explica que os leilões realizados se referem a investimentos contratados, o que significa que o vencedor do leilão se compromete a realizar os investimentos necessários para melhorias. Ouça o podcast!
“Para aumentar a produtividade de um país, um dos principais requisitos é a infraestrutura. Historicamente, o Brasil investe um percentual muito baixo do PIB, algo abaixo de 2,5%, enquanto países desenvolvidos investem cerca de 5% do PIB. Temos uma ineficiência muito grande em diversos modais e acredito que haverá uma demanda forte na próxima década de conseguir finalmente superar esse desafio”, observou.
Diante dos impactos positivos alcançados até agora, Luan confirma que há espaço para que aconteçam outros leilões ainda neste ano. “O Governo Federal já disponibilizou um cronograma que mostra que entre as concessões já realizadas, foram arrecadados cerca de R$30 bilhões e os próximos da fila podem levantar mais de R$70 bilhões em investimentos contratados. Acho que o mercado tem acompanhado esse calendário com bastante atenção e isso sendo muito bem conduzido pelo Ministério da Infraestrutura”, esclareceu.
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Realizar leilões e privatizações faz parte de um processo contínuo no país, pois permite que a iniciativa privada realize investimentos, melhorando e equilibrando o cenário econômico e diminuindo a interferência do Estado nas decisões finais.
Luan destaca que trata-se de um processo que tem se aprofundado cada vez mais. “É uma necessidade. Desde 2014 o Governo Federal não consegue cumprir os superávits fiscais e temos gastado mais do que arrecadado. Isso restringe a possibilidade de mais investimentos públicos dentro dos modais de infraestrutura, e se não tem dinheiro público, é preciso chamar a iniciativa privada para realizar os investimentos nesses setores”, ressaltou.
É importante destacar que esses leilões são focados em investimentos contratados e, não necessariamente, os valores vão entrar nos cofres públicos. “É uma forma de o poder público passar para a iniciativa privada o protagonismo desses investimentos”, complementou.
Em paralelo a essas questões, também estão tramitando no Congresso agendas que podem ajudar no andamento desses processos, como a Lei da Cabotagem, a BR do Mar, e o projeto de lei de ferrovias.
“Quero destacar o projeto de debêntures de infraestrutura, que são uma forma de investimento nesse mercado de capitais, em que as empresas conseguem se capitalizar. É muito comum pessoas físicas investirem em debêntures e está próximo de ser votada no Congresso a criação de uma nova categoria de debêntures para incentivar pessoas jurídicas a investirem em projetos de infraestrutura”, comentou.
Para Luan, outras formas eficientes para melhorar a arrecadação do país, de uma forma positiva e no curto prazo, seriam acelerar o programa de privatizações para facilitar a retomada econômica.
+Ao contrário do que se pensa, a Reforma Administrativa é popular
“Tivemos resultados muito positivos no último trimestre, acima das expectativas de consenso de mercado e isso precisa continuar. E pensando em médio prazo, é preciso acelerar a agenda de reformas, com a Reforma Administrativa, por exemplo”, finalizou.
As privatizações e as reformas estruturais são peças fundamentais para a retomada econômica, pois trazem segurança jurídica e atraem novos investimentos. Quanto mais liberdade houver para negociar e menos intervenção estatal, maior será o progresso econômico do país.