Sobre o rebaixamento do rating do Brasil, o ministro afirmou não haver espaço para descanso ou resignação ante a hipótese de uma nova revisão da nota para baixo
No esforço de mostrar a empresários que o governo tem uma agenda para o crescimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu em São Paulo com 140 empresários de vários setores produtivos, em evento fechado à imprensa. O ministro ressaltou que a “troca de fiação” para melhorar a competitividade e a produtividade nacional requer que o ajuste das contas públicas continue. “Os problemas fiscais do país ainda permanecem”, comentou o ministro.
Levy mostrou-se otimista com as perspectivas de evolução de economia do país e ressaltou que há a colaboração do Congresso para a aprovação de medidas que vão melhorar o ambiente de negócios, como a as reformas do ICMS e PIS Cofins, além da repatriação de recursos que estão no exterior.
Levy se manifestou contrário à avaliação de agentes econômicos de que é certo que o Brasil perderá o grau de investimento em 6 ou 9 meses. “O Brasil é hoje grau de investimento”, disse o ministro, afirmando que a nota soberana do país tem que subir e não cair, o que requer trabalho árduo da sociedade e do governo para que as condições econômicas se desenvolvam.
Na avaliação do ministro, não há espaço para descanso ou resignação ante a hipótese de um novo rebaixamento do país em 2016. O ministro também disse aos empresários que as concessões públicas em infraestrutura são um pilar muito importante para o aumento dos investimentos no país.
Depois da divulgação da “Agenda Brasil” com ações para a retomada do crescimento, o ministro tem aumentado a ofensiva na busca de apoio às medidas. Na terça-feira, Levy se reuniu com os presidentes dos dez maiores bancos do país. O encontro desta quinta-feira foi organizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Nesta sexta-feira, o ministro fará uma nova palestra para mil empresários em São Paulo, evento promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), no qual deverá também avaliará medidas que farão a economia do país se recuperar.
No Twitter, o presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, Rubens Menin, postou que o apoio ao Levy é “unânime” no setor produtivo durante ‘Fórum da ABRH’. “Ele é considerado a âncora de credibilidade do setor produtivo dentro do governo”, postou o executivo. Segundo ele, o setor empresarial pode e deve contribuir muito para a melhoria da economia, mas o governo deve abrir espaço para “maior interação”. Em um dos posts, Menin afirma que o consenso no ‘Fórum da ABRH’ é que o momento atual do País é difícil e vai exigir “esforços de todos” para contornar os problemas.
Sem bagunça – Durante painel no lançamento da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudança do Clima, em evento promovido pelo Instituto Ethos, Levy disse que, apesar de algumas dificuldades durante o debate político, depois que se chega a um consenso no Brasil, sobre qualquer assunto, não se volta atrás. “Depois de um consenso, não se volta atrás. A inflação a gente aprendeu (como combater) há 20 anos, e hoje sabe como evitar. A gente não quer uma bagunça completa no fiscal, e sabe como evitar. A gente não quer degradação do meio ambiente, e sabe como evitar. A gente quer crescimento”, afirmou.
Questionado pelo mediador sobre a Agenda Brasil, apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que propõe inclusive uma aceleração na liberação de licenças ambientais, Levy lembrou que o governo divulgou o que chamou de “agenda de cooperação legislativa para o crescimento”. “Ela mostra também um pouco do que já está sendo feito, não fala só da agenda do ajuste. E é exatamente isso que eu estou discutindo aqui, porque sei que (a questão ambiental) faz parte das reformas microeconômicas, estruturais, de um novo arranjo do Brasil para voltar a crescer”, afirmou.
Ele disse que muitas vezes é cobrado para falar de projetos para além do ajuste fiscal, mas defendeu que o ajuste é econômico, uma “reengenharia” para que o Brasil possa entrar em uma nova fase. “É quase como se o século XXI começasse agora no Brasil, com uma economia diferente, com inovação, com mercados que estavam estruturados se alterando. Tudo isso é o que a gente vai enfrentar nos próximos cinco anos”, explicou.
O ministro disse que é preciso debater as propostas “dentro do espírito democrático de criar equilíbrios”. “Nem toda pauta a gente quer exatamente daquele jeito, mas é isso que vai permitir chegar a consensos para continuar avançando”, reconheceu.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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