“A convenção social mais curiosa desta grande época em que vivemos é a de que as opiniões religiosas devem ser respeitadas. Os efeitos maléficos dessa convenção devem ser evidentes para todos, mas os dois maiores são: a) jogar um véu de santidade sobre ideias que violam qualquer decência intelectual; b) tornar todo teólogo um libertino com imunidades.”
As palavras de H.L.Mencken, escritas em 1918, são atualíssimas no momento em que na Holanda Geert Wilders, um deputado, líder de um partido que lidera as pesquisas para a próxima eleição, está sendo julgado por ofender o Corão.
Por que dizer o que se pensa sobre esta ou aquela religião constitui ofensa ou crime? Religião não é assunto privado? Ao menos nas democracias ocidentais onde já houve a separação entre o Estado e a Igreja há muito tempo assim é ou deveria ser.
O que estamos assistindo nos últimos anos, para surpresa de muitos analistas, é o retorno da fé religiosa como vetor e fator político de suma importância em todo o mundo, a ponto de inverter conceitos fundamentais da liberdade individual em países que sempre estiveram na vanguarda neste campo, como a Holanda que agora leva às barras do tribunal um homem que apenas expressa sua opinião, com grande conhecimento de causa, diga-se de passagem.
As religiões “constituídas” (o que será isto?), não importa quais sejam, na verdade continuam a se imiscuir na vida política dos países, embora não explicitamente mencionadas na lei. Sabemos que proíbem aborto, eutanásia, casamentos de pessoas do mesmo sexo e outras coisas, aqui e em outros países. Símbolos religiosos ofendem os “crentes” de outras religiões e hoje são motivo para ações nas cortes de justiça.
Aqui mesmo no Brasil, as leis punem quem se comporta com preconceito religioso, já que a Constituição garante a liberdade de crença. E, pergunto eu, de que religião fala nossa Carta Magna? E se eu começar a crer, como dizia Mencken, em Osíris, Amon-Ra e Isís ou para pegar outro grupo em Odim, Thor e toda a “mitologia” nórdica (claro, mitologia para quem não crê) e organizar uma igreja, você que está lendo e começa a sorrir não estará me ofendendo e passível, portanto de um processo?
O que Wilders diz é que o Islã, mais do que uma religião é uma ideologia, já que pretende reger toda a vida do fiel, do crente, pois estabelece regras e promessas para tudo, do momento em que nasce até depois de sua morte (o tal paraíso muçulmano), do vestuário à alimentação, pretendendo a conquista do mundo, e aí o ponto chave de toda a sua argumentação, uma vez que não admite a islamização de seu país que está acontecendo a olhos vistos.
Basta ler o Corão para ver que Geert Wilders tem razão. O que está em julgamento é a liberdade de expressão, é o futuro da Europa.
Religião & Estado são as duas pernas de Platão, o carma ocidental.
http://allmirante.blogspot.com/2009/04/o-carma-ocidental-4-religiao-de.html
Concordo inteiramente com o artigo.
Pensamentos religiosos são humanos e, portanto, falíveis – ainda que se declarem emitidos “em nome de Deus”.
Não são imunes a críticas e restrições, quando violem as próprias garantias das liberdades de pensamento e expressão ou quando pretendam se impor à força a outras comunidades ou países.
Inquisições, “jihads”, “sharias” estão aí mesmo para comprovar isso.
Que Geert Wilders seja absolvido, em nome das pessoas justas.
Atenciosamente,
Elio Fischberg