Desde que o PT chegou ao poder, os radicais do partido arquitetam um plano atrás do outro para tentar controlar jornalistas e inviabilizar comercialmente as empresas de comunicação. Primeiro, veio a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, que teria poderes para proibir reportagens. Depois, eles passaram a defender com ainda maior despudor o “controle social dos meios de comunicação” – que é apenas um rótulo menos chocante para a implantação da censura oficial no Brasil. Na semana passada, pela primeira vez, ouviram-se vozes organizadas contrárias a essa marcha da insensatez. Durante um encontro feito pelo Instituto Millenium, em São Paulo, jornalistas, empresários, intelectuais e políticos avaliaram os riscos reais que o radicalismo oferece à democracia no Brasil, opondo-se à pregação totalitária.
Hélio Costa (PMDB), ministro das Comunicações, reafirmou suas convicções pessoais “rigorosamente contrárias” a qualquer controle sobre ideias. Mais tranquilizadora foi sua fala como integrante do governo. Disse Costa: “O governo deixou claro que em hipótese alguma aceitaria uma discussão sobre o controle social da mídia”. Correto. A mesma posição já foi externada, com graus diferentes de convicção, pelo presidente Lula e pela ministra e candidata Dilma Rousseff. Isso, porém, não impediu que Brasília continuasse patrocinando encontros dominados por liberticidas. Não impediu também que uma proposta sem chifres, mas diabólica de censura à imprensa fosse embutida no Programa Nacional de Direitos Humanos-3. O documento recebeu a chancela de Lula e Dilma e só foi recolhido depois da imensa repercussão negativa.
O sociólogo Demétrio Magnoli reafirmou a volatilidade da situação: “O PT mantém relações ambivalentes com a democracia. O partido celebra a Venezuela de Hugo Chávez e aplaude o regime castrista”. Em sua palestra especial no encontro, Roberto Civita, editor de VEJA e presidente do conselho do Grupo Abril, lembrou que a liberdade, como base do edifício democrático, é um valor inegociável. Disse Civita: “A liberdade de credo, de ir e vir, de se reunir, de acesso à informação e todas as demais liberdades não devem ser condicionadas, limitadas ou regulamentadas. Devem, sim, ser garantidas – e responsavelmente exercidas e praticadas. Sempre que se tentou legislar ou enquadrar atividades que na sua origem são livres, a democracia, e a sociedade em última instância, correu perigo”.
NÃO VAI, MAS PODE
Costa (à esq.): “Em hipótese alguma o governo aceitará o controle social da mídia”. Magnoli: “arroubos stalinistas”
TRIPÉ VIRTUOSO
Para Civita, democracia, livre-iniciativa e liberdade de expressão são valores indissociáveis
Liberdade não se negocia ´- Veja, 10/03/10 – Preciosíssimo!
Sem esquecer, a assertiva, já conhecida e muito antiga: “O preço da liber-
dade é a eterna vigilância”!
Aurelino.