Todo cidadão de bem gosta do sentimento de liberdade, sentimento que vem sendo fortemente ferido pelo notável e escrachado desdém daqueles que deveriam cuidar da nossa segurança.
Não ter a sensação de segurança, viver com medo, achar tristemente que a qualquer momento seu bem maior, sua própria vida, pode estar em risco: infelizmente ou você já faz parte da estatística, ou sabe que é uma questão de tempo para ser.
A liberdade e o sentimento de segurança são algo de valor inestimável. Quanto vale poder morar em uma casa que não precisa de grades, poder deixar uma bicicleta na rua? Quanto vale ter a certeza de que, quando seu filho for de ônibus para a escola, não correrá o risco de perder a vida pelo simples ato de demorar a entregar a carteira para o assaltante drogado? Quanto vale poder ir caminhando à noite, com sua mulher e família, para um restaurante? Quanto vale poder parar tranquilamente em um sinal de trânsito à noite? Quantas histórias cada um de nós já ouviu, leu ou presenciou nesse sentido?
O Brasil tem índices absurdos de homicídios comparado a padrões mundiais: inaceitáveis 26 homicídios para cada 100 mil habitantes. Há estados com índices acima de 60 homicídios por 100 mil habitantes – o que representa mais de 50 mil assassinatos por ano. Como a ONG Brasil Sem Grades já apontou, o número de mortos é maior do que o de praticamente todas as últimas guerras que tivemos. O pior é que, desses assassinatos, em torno de 80% são arquivados ainda na fase de inquérito, por falta de informações, provas, estrutura para investigação da polícia.
Mas o mercado não perdoa. Onde há dificuldade, também surgem oportunidades. No vácuo da inépcia do governo, a iniciativa empreendedora da sociedade surge. Segundo dados da ABSEG (Associação Brasileira de Profissionais de Segurança), o mercado de segurança privada está em franco crescimento. Em 2002, faturou R$ 7 bilhões, e em 2012, o faturamento do setor saltou para incríveis R$ 36 bilhões.
Nada justifica o turbilhão de impostos asfixiantes cobrados e o nível de serviços básicos prestados pelo governo na área da segurança, que fica abandonada ao relento. A máquina pública demonstra-se burra e incapaz de gerir tantos recursos. Acaba sugando a força vital necessária para a sociedade prosperar e se desenvolver livremente, pela sua ganância por mais poder e pela falácia do seu discurso, de ser a solução para todos os problemas.
Contra fatos não há argumentos. Há claramente um descaso dantesco do poder público com a segurança da população. Isso gera efeitos nefastos em tão variados e imprevisíveis casos, desde o turismo, transporte público, comércio de rua, até a escolha de levar um filho pequeno para assistir a um clássico do Brasileirão no estádio. Muda a vida das pessoas. Quem pode se fecha em condomínios, põe grades nas casas, usa carros blindados, contrata vigilância privada, faz todo um investimento desproporcional em aparatos de segurança, vivendo em uma bolha. Quem não pode fica à mercê do acaso.
E quem deveria estar preso segue solto e impune nas ruas. Enquanto eu viver, estarei sempre lutando para não aceitar uma realidade destas para mim ou para minha família. Merecemos algo muito melhor e civilizado.
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