A maioria dos líderes na Câmara vai dizer ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que não votará a favor do voto impresso, caso o alagoano opte por levar a frente a proposta empenhada pelo governo. A PEC nº 135/19, da deputada Bia Kicis (PSL-DF), prevê que uma impressora seja anexada na atual urna eletrônica. Segundo a deputada, a mudança visa que o voto seja auditável, mas o atual modelo já permite a realização de auditorias.
O relatório de Filipe Barros (PSL-PR) sobre o tema, porém, foi rejeitado pela Comissão Especial, criada para debater o tema, por 23 votos a 11. Na sexta-feira (6) passada, o colegiado votou e aprovou o parecer substitutivo que recomenda o arquivamento da matéria.
Entre os parlamentares governistas da chamada ala bolsonarista, há o discurso de se aprovar o projeto na Câmara e deixar a responsabilidade para o Senado, mantendo assim, o discurso do Palácio do Planalto. Alguns partidos, porém, estão rachados, como é o caso do PDT, legenda de esquerda, mas que o atual presidente, Carlos Lupi, defende a proposta. O líder deverá liberar a bancada para votar livremente, caso Lira decida realmente levar a proposta a plenário.
No Cidadania, apenas a deputada Paula Belmonte (DF) defende a PEC da Bia Kicis. Belmonte tem sido a única dissidente do Cidadania em várias votações no Congresso, o que tem gerado articulações internas de correligionários contra a permanência da deputada na legenda. Na semana passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declarou a “mais absoluta confiança” no atual sistema eleitoral. Segundo ele, “não há nenhum fundamento concreto” que comprove vulnerabilidade ou fraude na urna eletrônica.
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“Nem o presidente da República, nem qualquer cidadão pode agredir a Suprema Corte do país. Pode criticar, apontar equívocos, mas agressões e ironias, não cabe em uma relação que pretende ser institucional“, afirmou Pacheco à GloboNews sobre as agressões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a integrantes do Supremo. Com relação ao projeto que estabelece o chamado Distritão, Pacheco enfatizou que, em 2017, o Congresso já havia alterado o sistema político no Brasil e que a cláusula de barreira, instituída à época, ainda precisa ser testada.
“Não é muito razoável que antes de este modelo, optado em 2017, se aperfeiçoe, ao longo do cumprimento da cláusula de desempenho dos partidos, se pretenda modificar completamente o sistema eleitoral”, disse ao insinuar que o projeto, caso aprovado na Câmara, deverá ser rejeitado pelo Senado. O modelo do Distritão tem contado com pressão dos representantes dos partidos políticos que são contrários à proposta.
Fonte: “Uol”, 09/08/2021
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