O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem uma pesquisa que mostra como os brasileiros avaliam o ensino no país. Para 51% dos entrevistados, continua igual ou piorou em relação a anos anteriores.
Para os 49% restantes, melhorou, mas, para estes, o avanço qualitativo se deu sobretudo em itens como a merenda escolar, o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Programa Universidade para Todos (Prouni).
“A pesquisa está focada em questões palpáveis, o que mostra que a população que recebeu benefícios nos últimos anos vê melhorias no ensino”, disse Priscila Cruz, diretora executiva da organização não governamental Todos pela Educação, à repórter Regiane de Oliveira.
Para Priscila, no entanto, o país só poderá comemorar quando as pesquisas de opinião mostrarem que os brasileiros estão satisfeitos com a educação porque as crianças estão aprendendo mais.
O estudo do Ipea mostra também que, apesar de constatarem melhorias, 68% das pessoas ouvidas desconhecem o programa de distribuição do livro didático.
Segundo Paula Louzano, consultora da Fundação Lemann, os pais não conhecem o programa porque não veem o livro, já que muitas crianças não levam o material para casa, uma vez que não podem escrever nele, pois terá de ser repassado a outros alunos no final do ano letivo.
“Está na hora de pensarmos se a oitava economia do mundo não tem condições de dar um livro consumível para cada aluno”, avalia Paula.
Há, ainda, uma lição a ser extraída da pesquisa do Ipea. Por mais que o Brasil tenha evoluído economicamente desde a adoção do Plano Real, em 1994, existe um enorme sentimento de indigência na população, a ponto de avaliar a melhora no ensino a partir muito mais de itens que ajudam os pais com as despesas que teriam com os filhos – como a alimentação dos alunos e o financiamento dos cursos – do que propriamente com a evolução do conhecimento oferecido nas instituições de ensino.
Fonte: Brasil Econômico, 01/03/2011
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