“Caro leitor, estou precisando de um dinheirinho emprestado, será que você poderia me dar uma ajuda? Você me empresta 200 reais por mês, e eu prometo devolver com juros correspondentes à metade da inflação. Mas só devolvo se você ficar doente, for demitido ou quiser comprar uma casa, topa?”
Essa pergunta é uma provocação feita por Leandro Narloch, em seu livro “Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira”. Caso você não tenha pegado a referência, o trecho faz analogia ao FGTS, um dos falsos benefícios ao trabalhador, na opinião do autor. Não é uma passagem isolada. Há um capítulo inteiro dedicado a demonstrar como as leis trabalhistas prejudicam os trabalhadores.
Quem acompanha Narloch há algum tempo já deve ter percebido que ele não tem medo de polêmica. Ao contrário, parece ter um gosto peculiar por mudar
paradigmas e desfazer mitos enraizados na sociedade, acionando o pensamento crítico, através de uma linguagem leve e fluida, mas sem ser superficial. O Guia é um livro de economia para iniciantes, sem linguagem técnica e sem ser necessário conhecimento prévio. Uma ótima porta de entrada para quem quer começar a entender o tema, do ponto de vista liberal.
O Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira foi escrito em 2015, e mexeu pela primeira vez em uma série de vespeiros. O leitor vai encontrar capítulos dedicados a explicar temas que ainda hoje são polêmicos, como:
– não foi Lula que melhorou a vida dos pobres no início dos anos 2000
– a desigualdade social é natural em qualquer sociedade livre, mas é agravada a níveis perversos pelo Estado
– não é por machismo por que as mulheres ganham menos que os homens
– a livre concorrência reduz os lucros dos empresários.
De quebra, Leandro Narloch ainda foi um dos primeiros a usar o termo – hoje popularizado – “bolsa empresário”, para se referir aos empréstimos do BNDES ,e a advogar contra a proteção da indústria nacional pelo governo. Se hoje, esses temas já não são mais vistos com tanta surpresa, foi em parte pelo trabalho de quem – como ele – ajudou a esticar a corda da opinião pública.
Se você ficou curioso, sentiu vontade de cancelá-lo, ou apenas quer ler um livro de economia sem economês, essa é uma leitura obrigatória. Mas não se surpreenda se, de repente, passar a concordar com coisas que nunca imaginou.