Uma pesquisa recentemente encomendada pelo BNDES mostrou que além de todos os gargalos logísticos existentes no Brasil, mais um está preocupando: o de transporte aéreo de cargas. Os problemas são similares aos existentes nos portos: faltam espaço de armazenagem, câmaras frigoríficas e pessoal para liberar a carga em tempo razoável.
Em alguns casos, perde-se mais tempo liberando o produto do que no tempo de viagem da China para o Brasil.
Este problema já se mostrava presente em 2008, mas “graças” à crise mundial ficou adormecido enquanto o comércio exterior foi diminuído em 2009. Agora com o aquecimento da economia e de volta aos patamares de 2008, a situação é preocupante e sem solução de curto prazo o Natal promete trazer dor de cabeça tanto a exportadores quanto importadores.
Em 2008, o aeroporto com maior vocação para transporte de cargas do país (Viracopos em Campinas – SP) operava em 140% de sua capacidade de importação. Em exportação, Confins (Belo Horizonte – MG) atingiu 130% e Salvador (BA), 113%. Guarulhos (São Paulo) estava em nível bastante elevado, de 84% (importação) e 78% (exportação).
No acumulado de 2009, os aeroportos brasileiros movimentaram mais de 1,1 milhão de toneladas de cargas, abaixo dos 1,2 milhão de 2008 e 1,3 milhão de toneladas de 2007. Até o momento em que esta matéria é publicada (julho de 2010) apenas os dados de fevereiro de 2010 estavam disponíveis no site da INFRAERO, mas eles já se mostram melhores que o mesmo período de 2009. Enquanto os números de movimentação de carga crescem, os aeroportos continuam os mesmos.
O transporte aéreo de cargas é utilizado quando os produtos têm alto valor agregado (pequenos, leves, mas muito caros), quando há grande risco de roubo, apresentam baixo peso e volume, além daqueles que têm data de entrega rígida, como remédios, documentos, perecíveis, etc.
Num setor que movimenta mais de R$ 50 bilhões de dólares por ano, com previsão de crescimento de 6% ao ano, qualquer entrave e custo extra faz a diferença. Além da falta de infra-estrutura adequada, no Brasil as companhias sofrem com tributos e impostos. Acompanhe a seguir:
No Brasil estima-se que o custo de aquisição de aeronaves seja em torno de 15% maior que em outros países. Além disso, o combustível, que chega a representar 25% do custo de uma companhia aérea, sofre com os impostos elevados: 7,5% nos EUA, 15% na Europa, e 35% no Brasil.
Ao mesmo tempo em que mostra uma situação desfavorável ao Brasil, vemos oportunidades para crescimento, melhorias operacionais e empregos na área de infra-estrutura e logística. Basta haver boa vontade política e organização.
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