A grife de roupas MuMo Moda completa um ano em agosto, mas já tem uma história de sucesso para contar. Criada pelo publicitário Rodrigo Tozzi, 36, a economista Renata Stern, 35, e a estilista Luana Goldstein, 36, a empresa nasceu com a meta de repensar o ciclo de produção de moda, uma das indústrias mais poluentes do mundo, e contribuir efetivamente para causas ambientais.
Em dez meses de atividades, a empresa faturou R$ 140 mil com a venda de 1400 peças de roupa pensadas e produzidas de forma a ter baixo impacto ambiental e contribuiu com a recuperação de uma área de mata ciliar de 10 mil metros quadrados na cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo.
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O desejo de unir o trabalho com um ação socioambiental começou a provocar Tozzi por volta de 2014, quando era um executivo da Apple. “Comecei a me questionar sobre os negócios que só visam lucro e em entrega de resultados, sobre propósitos de vida, e fui pesquisar filantropia, sustentabilidade, desigualdade social”, diz ele, que ocupa a função de CEO na MuMo.
Nesse meio tempo, ele fez um curso no Insper sobre negócios de impacto social e teve seu momento eureca, como diz. “Soube que queria montar uma empresa lucrativa, que não fosse uma ONG, mas que ajustasse seu modelo de negócios para transformar a sociedade em um mundo melhor.”
A princípio, sua esposa Renata achou uma loucura a proposta de doar parte do faturamento, mas acabou cooptada pela ideia. Só faltava aos dois um produto para iniciar o projeto. O grupo se completou quando Tozzi foi a um happy hour da turma da faculdade no fim de 2016 e encontrou Luana, sua colega de FAAP.
Ela havia abandonado a publicidade, cursado design de moda em Barcelona e feito carreira na C&A, mas tinha acabado de se desligar da empresa, motivada pelas mesmas inquietações de Tozzi e Renata. “Contei para a Luana dos meus planos. Três dias depois ela respondeu dando uma resposta afirmativa e começava a MuMo”, diz.
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Nos primeiros seis meses de 2017, Luana, como diretora criativa, procurou materiais sustentáveis e começou a desenhar a primeira coleção. Logo, Renata pediu demissão na Henkel, onde trabalhava na área financeira, e juntou-se a ela para estruturar a empresa, assumindo o cargo de CFO. Tozzi seguiu o caminho e deixou seu emprego em julho de 2017.
Os três investiram R$ 300 mil reais e, em agosto, a MuMo começou a operar. Na sua linha de produtos, roupas com algodão orgânico, algodão sustentável, tecidos de reúso e malhas que misturam 50% de algodão com 50% de polietileno tereftalato reciclado, as populares garrafas PET. “Uma camiseta com esse material recicla, em média, seis garrafas que seriam descartadas na natureza”, afirma Tozzi.
A preocupação com o meio ambiente foi além dos materiais adotados na confecção das roupas. Toda a papelaria usada na empresa, desde as etiquetas até as notas fiscais entregues aos clientes, é de papel reciclado.
As entregas nas regiões próximas de onde a empresa opera, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, podem ser feita por entregadores de bicicleta se o cliente preferir. Além do e-commerce próprio, a marca MuMo também está em marketplaces como Zattini e Dafiti.
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“Somos uma empresa de impacto social porque resolvemos um problema do mercado em que atuamos, que é muito poluidor, e também porque queremos eleger, todos os anos, uma causa social ou ambiental, a partir da qual possamos pensar toda a produção e nosso modo de operação”, afirma Tozzi.
No primeiro ano, a MuMo decidiu apoiar o trabalho desenvolvido pela Associação Mata Ciliar, uma referência no Brasil em preservação e recuperação de coberturas vegetais que ficam às margens de rios, igarapés, lagos, represas ou olhos d’água.
O objetivo era destinar à organização R$ 14 de cada peça comercializada para permitir o plantio e os cuidados de 1 mil árvores durante dois anos, tempo e quantidade necessários para recuperar uma área de 10 mil metros quadrados.
Como o trabalho de recuperação exige o plantio em massa, a empresa separou e entregou para a associação R$ 28 mil do investimento inicial que os três sócios fizeram no negócio. Em agosto, a MuMo começa a trabalhar por outro causa.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”