A situação na Venezuela piora a cada dia. Este não é um fato novo, mas apenas o agravamento de uma situação que vem se deteriorando ao longo dos anos. O bolivarianismo, chamado de socialismo do século XXI, somente gerou pobreza e acirrou os ânimos em um país cada vez mais dividido entre um pequeno grupo que domina o país em contraposição a uma população atemorizada pelos atos de violência do governo.
A chegada de Hugo Chávez ao poder em 1998 gerava preocupação em diversos círculos, afinal, o militar já havia tentado chegar a Miraflores por meio de um Golpe de Estado em 1992. O receio, diante dos métodos antidemocráticos já empreendidos, seria de que Chávez pudesse ferir a democracia venezuelana, uma das mais longas e estáveis da América Latina.
O bolivarianismo, eufemismo para um socialismo de corte fortemente nacionalista, começou a surgir por meio do controle da economia. Chávez seguiu todos os passos daqueles que encaminharam seus países para regimes de exceção baseados no populismo. Uma receita que reside em dois fatores: criação de um inimigo comum, impulsionado pela incitação do rancor frente aos mais ricos. Hayek, vencedor do Nobel em Economia, já havia descrito este roteiro em sua obra “O Caminho da Servidão”, quando analisou a ascensão do fascismo na Europa.
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O caminho seguido para golpear a democracia por dentro foi o mesmo realizado por outros regimes de esquerda. Um forte apelo que nasce por meio de políticas assistencialistas, que geram o fascínio do povo com o líder. Esta característica se consolida com o paternalismo, colocando Chávez na condição de provedor do bem estar social. Esta dinâmica torna o eleitor um cliente do governante, caracterizando-se pela consolidação do que se convenciona chamar de clientelismo. Na soma desta equação chega-se ao populismo, palavra que traduz este mecanismo de chegada e manutenção no poder, consequente subversão democrática.
Entretanto, para sustentar o populismo, necessita-se de dois fatores principais: riqueza e liderança. Chávez produziu sua liderança por meio da receita descrita por Hayek, usando como fonte de riqueza o petróleo extraído do solo de seu país. Assim manteve-se no poder até sua morte. Ao seu sucessor, que manteve as práticas chavistas, falta carisma e dinheiro, uma vez que a queda do preço do petróleo aliada às consequências econômicas das políticas nacionalistas começaram a cobrar seu preço.
O colapso da Venezuela é resultado direto do esgotamento da política bolivariana implementada pelo chavismo. Uma economia em agonia e uma democracia claudicante tornaram o país refém de um grupo político que necessita sair de cena. A falência do bolivarianismo está expressa na dor de um país que arde em agonia. Não podemos nos calar diante da barbárie. As nações que defendem a democracia precisam se posicionar. Precisamos sair do silêncio e ajudar aqueles que gritam por socorro.
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