Mesmo o mais amargo dos críticos deve reconhecer que o Brasil vive um importante ciclo de desenvolvimento econômico, fundamentado na credibilidade econômica e fiscal, carga tributária alta, complexa e injusta e expansão do crédito e do mercado interno.
O Estado brasileiro, em especial na era Lula, foi protagonista. Mas não o único destaque, como muitos pensam.
O setor privado foi importante para alavancar o ciclo de desenvolvimento que estamos vivendo, assim como o sistema financeiro público e privado e a boa gestão do Banco Central.
Para 2011, temos boas perspectivas. Não apenas na economia, mas também em dois outros vetores relevantes: a política e a sociedade.
Não devemos esperar que estes últimos avancem no mesmo ritmo da economia. Continuaremos a ver os índices de aperfeiçoamento desta pontificando sobre os demais. Porém, não podemos deixar de considerar avanços significativos.
No campo da política, apesar da profusão de escândalos que marcou o cenário nacional, temos avanços: ação do Poder Judiciário sobre os políticos de comportamento inadequado; maior rigor na aplicação das normas de fidelidade partidária e as regras do Ficha Limpa.
Outros dois aspectos merecem nota. No âmbito da Câmara, uma nova interpretação reduziu a possibilidade de medidas provisórias travarem as pautas de votação. Outra iniciativa, também de Michel Temer, foi a de limitar o contrabando de temas estranhos no corpo das medidas provisórias.
O entendimento entre PT e PMDB – no segundo mandato de Lula – apontou para um modelo de coalizão mais claro e de corresponsabilidade na gestão pública.
Comparando com o modelo anterior de mensalão, onde a compra de apoio no varejo prevalecia, a situação representa um avanço. Em um país como o Brasil, a existência de coalizões claras é um imperativo para a estabilidade.
Ainda que tenha como efeito colateral a diluição das plataformas presidenciais para contemplar a média do pensamento da aliança.
No campo da sociedade, as novidades positivas decorrem tanto do crescimento e melhor distribuição de renda quanto do avanço de práticas de interação com a sociedade civil.
A emergência de uma nova classe C é uma realidade auspiciosa. Não é o fim do processo, mas uma etapa importante na construção de uma sociedade mais justa.
Em termos de participação da sociedade, sou testemunha de um processo interessante. Participo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e lá presencio atores relevantes do capital e do trabalho debatendo o interesse público.
Divergindo, como é natural. Mas, sobretudo, construindo consensos. Vejo avanços no campo da informação.
Embora a mídia ainda seja superficial, vemos a internet como um processo saudável de ampliação dos horizontes da informação. Combinando tudo, os vetores de avanços são positivos e devem apontar para um país melhor em 2011.
Mesmo que ainda convivamos com inconsistências e contradições típicas de um país paradoxal como o nosso.
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