O governo federal investiu apenas 4,3% da previsão inicial para aplicações nos centros de treinamentos para a Copa do Mundo. Em 2013, o governo anunciou investimentos de R$ 133 milhões nos locais. Porém, entre 2012 e 2014, apenas R$ 5,7 milhões foram efetivamente aplicados. O valor corresponde à compra de equipamentos esportivos e melhorias na infraestrutura dos locais.
Os valores pagos (aplicados) constituem o desembolso efetivo do que foi empenhado para os projetos. O empenho representa apenas a primeira fase da execução orçamentária, quando o governo reserva os recursos que serão pagos posteriormente. O valor empenhado chegou à R$ 122 milhões no período. O levantamento do Contas Abertas foi realizado no Siga Brasil, com base nas observações de notas de empenho e ordens bancárias que faziam referência aos centros de treinamento especificamente.
Os “restos a pagar a pagar”, ou seja, recursos que foram empenhados, mas ainda não foram utilizados ainda somam o total de R$ 126,2 milhões. Esses recursos foram reservados em anos anteriores, porém, o governo ainda não liberou. De acordo com o Ministério do Esporte, a finalidade do investimento é fomentar a prática esportiva e aprimorar equipamentos públicos esportivos em todo o território nacional. Os investimentos fazem parte do plano de nacionalização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.
“Os centros de treinamento (CTS) constituem uma oportunidade de redistribuição desses benefícios. Consolidar essas cidades como CTS, ainda que algumas não sejam escolhidas por uma Seleção, coloca o local em uma lista importante, inclusive para outros eventos”, afirmou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, no final do ano passado.
Apesar da expectativa para a Copa e das promessas de legado, o Centro de Treinamento de Barra do Pari, em Várzea Grande, no Mato Grosso, que tinha a maior promessa de recursos federais a serem investidos dentre os centros ficou inacabado e foi descartado pela Fifa. Entre 2012 e 2014, R$ 9,1 milhões foram empenhados pelo Ministério do Esporte para o local. Os recursos, no entanto, não foram repassados.
Já para a adequação do equipamento esportivo do Estádio Martins Pereira, em São José dos Campos (SP), por exemplo, foram reservados, sem ter utilização, R$ 6 milhões. O sonho de receber uma seleção no estádio durante a Copa do Mundo naufragou quando todos os países descartaram o município como sub-sede.
Também sem o repasse de recursos federais ficou a reforma e adequação do estádio Rei Pelé, em Santos (SP), que está sendo utilizado pela seleção do México. O centro esportivo teve R$ 1,8 milhão em recursos empenhados.
A confederação alemã, por exemplo, não satisfeita com as opções de hospedagem e treinamento oferecidas pela Fifa e pelo Comitê Organizador Local que decidiu construir o seu próprio quartel general em Santo André, em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, a 20 km de Porto Seguro e 15 km do aeroporto mais próximo.
De acordo com o Ministério do Esporte, após o empenho dos recursos dos Ministério do Esporte, as prefeituras procuram a Caixa Econômica Federal para assinar o contrato e apresentar os documentos necessários, como o projeto de engenharia.
“Assim que essas etapas são concluídas, os recursos são liberados a partir das medições atestadas pela instituição financeira. Eventuais atrasos em algumas obras ocorrem devido a problemas pontuais e devem ser verificados caso a caso”, aponta a Pasta.
Os recursos foram desembolsados por meio da ação de apoio à realização da Copa do Mundo FIFA 2014. A iniciativa foi incorporada ao orçamento federal em 2012. De lá pra cá, R$ 615,8 milhões foram orçados, dos quais R$ 263,4 milhões foram empenhados e R$ 93,9 milhões desembolsados.
20 centros no Portal de Transparência
Apesar de 20 centros de treinamentos estarem no Portal de Transparência da Copa da Controladoria-Geral da União, de acordo com o Ministério do Esporte, os investimentos em centros de treinamento nunca integraram a Matriz de Responsabilidades. Segundo a Pasta, o Portal da Transparência da Copa 2014 também lista investimentos que não fazem parte da Matriz, como a melhoria da infraestrutura dos hotéis, a partir do Programa ProCopa Turismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: Contas Abertas
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