Estamos encerrando um “ano do urso”. Para quem pensava repetir o sucesso especulativo apostando na repetição das altas expressivas de 2010, a frustração é quase total. O urso é aquele animal que representa o mercado baixista, quando só se ganha na posição vendida.
Até os mercados emergentes frustraram os aplicadores que rodam o mundo das finanças em busca de um retorno diferenciado para seus investimentos. O retorno dos principais fundos de aplicação, notadamente os de renda variável, não justificou o risco incorrido.
Mesmo em países como China e Brasil, considerados imunes ao prejuízo provocado pela crise dos países avançados, os especuladores amargaram perdas substanciais em suas posições compradas.
Em sua fala de fim de ano, o economista-chefe do FMI pôs a mão na consciência, reconhecendo que o otimismo das autoridades e especialistas em prever uma rápida saída da recessão de 2009 não tinha fundamento.
De fato, é pior do que isso. Os palpiteiros oficiais despejaram um otimismo irresponsável e sem base lógica no seu prognóstico sobre 2011. O que se viu em seguida era previsível, ainda que politicamente indeglutível.
Na China, os aplicadores em bolsa deixaram na mesa cerca de 20% de perda em relação à base de comparação ao final de dezembro de 2010. Um dos principais índices de commodities (CRB) perdeu 6% no ano. Os emergentes, grande aposta de 2011, recuaram na faixa de dois dígitos.
A nossa Bovespa, até dia 22 passado, estava caindo 18% em relação ao fim de 2010. O maior fiasco foram as europeias. Quase 80% dos gerentes de fundos de bolsa na Inglaterra, que esperavam ficar no território positivo em 2011, amargaram prejuízo considerável. Desta vez, quase metade deles afirma que é melhor esperar para ver…
Será que 2012 trará novas alegrias aos comprados? Estatisticamente, isso é até plausível. E a razão é simples: a base de comparação recuou. Ficou mais fácil bater o nível deste fim de ano. Entretanto, se plausível, não é provável. O ano de 2012 é o ano do dragão. Na mitologia oriental, o dragão vem para assustar os humanos. Mas traz potência e vitalidade.
A mensagem simbólica é interessante: o dragão vai machucar os incautos, que não respeitarem o aumento da volatilidade, mas premiará os atentos e audaciosos, que identificarem bons pontos de compra e não tiverem escrúpulo de sair de posições assim que o mercado reagir.
A marca do novo ano será a tendência baixista – inevitável – porém com grande volatilidade, provocada pelas reações espasmódicas das autoridades ao desmanche de posições nos mercados.
O BCE, Banco Central Europeu, se saiu com um megapacote de socorro aos bancos, que tem potência equivalente ao QE2, afrouxamento monetário dois, realizado pelo FED para segurar o arremedo de recuperação americana em 2010. Agora sabemos que o resultado do QE2 foi pífio.
Mas agitou uma alta nas bolsas e nos mercados de commodities, rendendo retornos rápidos aos posicionados. Desta vez é diferente, mas a grande liquidez injetada no BCE poderá ter o efeito de provocar uma desorientação da tendência baixista, por algum tempo, em 2012. Enfim, um ano para profissionais, é o que nos reserva 2012.
Se você nunca antes cavalgou um dragão, quem sabe seja lucrativo tomar umas lições práticas. Que o nosso leitor erga conosco um corajoso brinde a tempos novos e realmente muito interessantes! Viva 2012!
Fonte: Brasil Econômico, 30/12/2011
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