Os mercados operaram nesta quinta-feira, entregando um pouco os ganhos obtidos nas últimas semanas. O Ibovespa caiu fortemente (-2,8%, a 50.058 pontos), depois de seis pregões de valorização, seguido pelas bolsas na Europa e nos EUA.
No Brasil, acabou repercutindo no sistema bancário os resultados dos testes de “stress”, que acabaram derrubando os papéis dos bancos, assim como os balanços da Gerdau e da Vale, em deterioração, em função da crise. Outra novidade veio com a ata do Copom de abril mostrando que novos cortes de juro devem ocorrer nas próximas reuniões.
Nos EUA, o balanço da GM veio com prejuízo de US$ 6 bilhões, mas com sinalizações de novos ajustes e adaptações na estratégia da empresa.
Sobre o teste de “stress”, a impressão que se tem é que as notícias foram sendo divulgadas aos poucos nestes dias, visando reduzir o impacto negativo nos mercados do que foi anunciado hoje. De uma certa forma, isto acabou sendo diluído. Ao fim, cerca de 10 dos 19 bancos devem precisar de algum aporte de capital, tanto na emissão de ações como no socorro ao Tesouro norte-americano. O total deve chegar a US$ 75 bilhões.
Comenta-se que o Bank of America precisará de US$ 33,9 bilhões, o Wells Fargo de US$ 13,7 bilhões, com a emissão de novas ações no total de US$ 6 bilhões, o Citi, de US$ 5,5 bilhões, além de alguns bancos regionais. O US Bancorp, Metlife, Goldman Sachs, JP Morgan, Capital One, Regional Financial, e o American Express não precisarão de novos aportes. O secretário Timothy Geithner disse que estes testes devem dar um quadro reconfortante do sistema financeiro nos EUA. O problema é que em paralelo a estes resultados, a oferta de crédito registrou a maior queda em março, mostrando que os bancos ainda não voltaram a emprestar, irrigando o sistema econômico.
Sobre a ata do Copom, o cenário atual, de inflação sob controle e demanda retraída, deve “garantir espaço para continuidade do processo de queda da taxa juros (Selic), mas o afrouxamento adicional da política monetária depende de mudança premente nas regras de remuneração da caderneta de poupança.” Em resumo, foi isto que se pode extrair deste documento, cada vez mais rebuscado e evasivo.
No tema “caderneta de poupança”, sua remuneração, hoje em 6% ao ano, mais Taxa Referencial (TR), pode mudar nos próximos dias. Dentre as alterações aventadas, fala-se na alteração da TR, pelo Bacen, sem passar pelo Congresso, ou a incidência de Imposto de Renda, este sim passando pelo “crivo” dos congressistas. Pelo menos foi isto que acabou “ventilado” no mercado. Esta possível alteração da poupança, inclusive, vem repercutindo nas captações. Em abril, as captações destas últimas vieram negativas em até R$ 1 bilhão, ao contrário dos fundos DI e de renda fixa, positivas.
Concluindo, em poucas palavras, a principal mensagem da ata é que o Bacen não está convencido de que a recuperação da economia global e doméstica seja consistente e duradoura, exatamente na mesma linha dos discursos que o presidente do Bacen, Henrique Meirelles, nos últimos dias. O risco de inflação continua reduzido, abrindo espaço para a continuidade do ciclo de alívio monetário, com a “substancial acomodação da demanda doméstica”, entre outros fatores, “ajudando a criar importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente em um
cenário de recuperação gradual da atividade econômica”.
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