O mergulho da economia, a fadiga da crise e os reflexos em 2018
A análise da série recentemente divulgada pelo IBGE confirma, com números, aquilo que os principais agentes econômicos do País já sentem na pele, retrocedemos hoje aos níveis de produção de 2009 na indústria e investimentos, de 2013 na agropecuária e de 2011 nos serviços. Os gastos governamentais continuam desproporcionalmente altos, nos mesmos níveis de 2015, confirmando o epicentro dessa crise nos exageros e na irresponsabilidade do setor público.
A economia como um todo retrocede aos patamares de 2010. Nesse período, temos mais 12 milhões de brasileiros, dependendo da mesma economia. Os oito trimestres consecutivos de contração econômica constituem um mergulho inédito para esta geração de brasileiros, e começa a dar sinais mais claros da fadiga típica de quem vive uma pré-crise e crise prolongada que, na prática, já dura desde meados de 2014. Possivelmente veremos mais empresas fechando e indo à falência agora, após uma tentativa de sobrevivência em três anos. E também um clima generalizado de menor paciência.
O nível de investimento ter sofrido uma queda acumulada de mais de 26% nos últimos três anos é o indicador de que os empreendedores brasileiros sucumbiram ao risco político, e são necessários avanços na área política e institucional mais vigorosos para que essa dinâmica de descrédito se recupere.
No entanto, a parte da gestão econômica tem sido bem feita, com uma gestão ortodoxa e firme. Possivelmente 2017 já trará números mais positivos, mas não se recuperará o tempo perdido antes de quatro ou cinco anos. Contudo, os sinais trocados entre a gestão macroeconômica e a gestão política e administrativa tornam difícil uma mudança de cenário antes das eleições de 2018, pois o governo federal não consegue ganhar créditos, confiança ou sequência para tornar o país efetivamente estável.
Desta vez, mais do que em outras, a população efetivamente sofre as consequências das distorções políticas e da irresponsabilidade financeira e administrativa do setor público. O empresariado brasileiro, principalmente o de pequeno porte, encontra-se em uma situação depauperada. Já as corporações do setor público, que muito se beneficiaram no período anterior, estão escondidas, como se esperando que a tempestade passe e que a conta não chegue, também, para si. A situação pré-eleitoral para o Brasil de 2018 pode ser preocupante, a de um País que virá machucado pela crise econômica. A racionalidade prevalecerá no voto?
A fadiga da crise econômica gera o combustível para uma situação crítica no âmbito político e social que se precisa administrar. Na vida e na economia real, por vezes, não se pode esperar o tempo dos ciclos. Como encurtá-lo e reduzir seus danos? Apenas reduzindo o risco político.
No Comment! Be the first one.