O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) realiza nesta segunda-feira (17) o III Seminário de Análise Conjuntural de 2018, que traz especialistas para debaterem o cenário político-econômico do Brasil. O Instituto Millenium conversou com a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro IBRE e uma das participantes no evento, sobre a relação entre a produtividade e o baixo crescimento do país. Assista!
Através da produtividade é possível mensurar a eficiência de uma nação. Existem diferentes fatores de produção, entre eles, o “fator trabalho”, que é o quanto as pessoas estão trabalhando, bem como seu conhecimento e capacidade para realizá-lo; e o “fator capital”, responsável pelo estoque de riquezas e investimentos acumulados naquela economia. “O resultado final da combinação desses fatores de produção pode ser maior ou menor. Vai ser menor se realmente essa economia tiver pouca produtividade. Quando há muita produtividade e você usa esses fatores de forma eficiente, o resultado é mais PIB, mais renda e mais crescimento”, explica Silvia.
Há diversos estudos que mostram o quanto a produtividade brasileira é baixa. Silvia conta que, de 1980 para cá, a média de crescimento da produtividade do trabalho no país foi de, no máximo, 0,5%. Um número baixo se comparado a outros países. Isso quer dizer que o Brasil utiliza os fatores de produção de forma muito ineficiente.
A produtividade é um dos fatores que contribuem para o baixo crescimento do país. A economista salienta que ela afeta também o potencial que o Brasil tem de crescer após a recessão, já que possui efeitos permanentes, difíceis de serem recuperados. “Quando o país conseguiu crescer um pouco mais, no início dos anos 2000, até atingimos um crescimento de 4% em média naquele período e metade desse resultado veio da produtividade”.
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Existem diferentes formas de tornar a produtividade mais eficiente. Silvia cita, por exemplo, a importância do investimento na educação para o fator trabalho, que é baixo no Brasil quando comparado ao de outras nações. A demografia do país também deve ser usada a nosso favor. Os brasileiros, por exemplo, se aposentam muito cedo, o que impede que os trabalhadores usem essa experiência no mercado e a transmitam aos mais novos, explica:
“Estamos crescendo pouco após a recessão, mas a economia ainda está sobrevivendo apesar das turbulências das eleições e da piora do cenário internacional. Temos desafios fiscais relevantes para os próximos governo. Enquanto não resolvermos os problemas de solvência fiscal, dificilmente vamos conviver com juros mais baixos no Brasil e com mais crescimento. No entanto, também temos uma agenda de produtividade. A reforma trabalhista teve impacto sobre o mercado de trabalho e pode ajudar a aumentá-la; preocupações no uso do dinheiro público, no subsídio ao setor privado também são importantes, porque políticas equivocadas de incentivos também tornam o setor produtivo mais ineficiente. Então é grande o desafio para o próximo governo”