“Existem dois tipos de pessoas neste mundo – aquelas que “vão fazer” algo e aquelas que realmente fazem algo.” (Thomas Sowell)
A política é uma caixa de ressonância, que ecoa as idéias disseminadas entre o povo. Na essência, é a mentalidade predominante em uma sociedade que vai ditar os rumos dela. Afinal, políticos, para serem políticos, antes precisam de votos. São as idéias vencedoras, portanto, que vão definir a trajetória do país. Infelizmente, muitas pessoas ainda não acordaram para este fato, e depositam uma enorme esperança na própria via política como meio para resolver todos os problemas. Elas aguardam com fé a chegada de um messias salvador, capaz de colocar o país no rumo certo de cima para baixo, através de um decreto, uma canetada mágica. Tola esperança!
Lamentavelmente, as idéias que venceram até hoje no Brasil e na América Latina foram as idéias coletivistas, que desconfiam da iniciativa privada e do individualismo, que demonizam o empresário e o lucro, que abominam o capitalismo de livre mercado. Na ausência de nome melhor, refiro-me a estas idéias como “esquerdistas”, reconhecendo que há um amplo espectro que abrange diferentes mentalidades de esquerda, mas que todas elas acabam convergindo para certos denominadores comuns. E quais seriam estes denominadores? Justamente uma visão coletivista de mundo, que transforma os indivíduos em meios sacrificáveis para algum bem maior, e que encaram o governo como o instrumento adequado para esta meta.
Ora, partindo-se desta definição, fica claro que na região toda há praticamente um monopólio da esquerda no campo das idéias, com Cuba e Venezuela nas extremidades, seguidas por Equador, Bolívia, Argentina e também o Brasil. Basta citar que o poder do governo cresce cada vez mais nesses países, reduzindo-se concomitantemente as liberdades individuais. Os impostos aumentam cada vez mais, a quantidade de leis, decretos, controle da vida privada, da economia, tudo aponta na direção de mais coletivismo e menos liberdade individual. Hugo Chávez lidera o movimento, manipulando a máquina estatal e seus petrodólares para conquistar mais e mais adeptos, para financiar grupos guerrilheiros e aliados políticos. Mas somente um ambiente fértil para tais idéias permite tamanho avanço sobre as liberdades. Apenas canhões não iriam garantir o poder concentrado nesses governantes. São as idéias que mostram para onde esses canhões vão apontar.
No Brasil, há claras evidências desse monopólio esquerdista, apesar de a própria esquerda gostar de culpar o fantasma do “neoliberalismo” por todos os nossos males. Além do fantástico crescimento do governo no país nos últimos anos, tanto através das estatais como dos gastos públicos, das intervenções cada vez maiores na economia, e da carga tributária, existem outros indicadores de que as idéias esquerdistas vêm vencendo a batalha. Entre eles, a tática mudança de nome do antigo PFL, que (felizmente) resolveu retirar o termo “liberal” de sua sigla, passando a se chamar DEM. Ou então a patética postura de Alckmin nas eleições passadas, quando o candidato do PSDB colocou bonés de estatais para se livrar da “acusação” de defender privatizações.
As eleições que se aproximam em 2010 demonstram uma vez mais o monopólio da esquerda na política nacional. Os defensores do liberalismo não encontram representação alguma, e fica cada vez mais difícil distinguir os candidatos. São todos vermelhos, variando apenas o tom. Dilma, a escolhida pelo presidente Lula, representa a continuação do rumo atual, da concentração assustadora de poder no governo, dos fins que justificam quaisquer meios, do DNA autoritário que tentou controlar a imprensa, do antigo sonho socialista da ex-guerrilheira que jamais se arrependeu de seu passado. Heloísa Helena e seu PSOL representam apenas o PT de ontem, mais raivoso e radical, ainda sonhando em transformar o país numa enorme Cuba. José Serra demonstra viés claramente autoritário, despreza o livre mercado e acredita no planejamento central da economia; é o mais esquerdista do esquerdista PSDB. Ciro Gomes também apresenta características autoritárias e, como disse num debate comigo, não enxerga onde cortar “um bilhãozinho” num governo obeso que torra centenas de bilhões dos pagadores de impostos.
Por fim, a nova esperança que surge para muitos desesperados com a falta de ética na política chama-se Marina Silva. Mas Marina, não custa lembrar, pertence ao PT e ao governo Lula, e se migrar para o PV será apenas por oportunismo político. Ela foi ministra deste governo, e continuou filiada ao partido depois. Ela veste literalmente o boné da organização criminosa chamada MST. Ela tem em Leonardo Boff e “Frei” Betto ícones intelectuais. Ela representa a nova religião verde, que abrigou diversas viúvas do comunismo somente como novo meio para continuar atacando o capitalismo. Será que Marina Silva realmente significa uma mudança para melhor no rumo do país?
Como o leitor pode constatar, todos os potenciais candidatos para presidente em 2010 representam “mais do mesmo”, são variações sobre o mesmo tema. Discutem nuanças, mas concordam na essência. E essa essência está impregnada de coletivismo. Nenhum deles ousa questionar as “vacas sagradas”, oferecer uma proposta de mudança radical em direção aos modelos bem-sucedidos dos países mais desenvolvidos, que infelizmente andam abandonando seus principais valores também.
Só existe uma maneira de acabar com o monopólio esquerdista no campo das idéias: lutar com idéias, mostrar uma alternativa, apresentar argumentos e educar as pessoas. Já erra quem pensa que tal educação virá do governo, pois a elite governante não tem interesse algum em eleitores mais esclarecidos e céticos. Logo, o esforço terá que ser da iniciativa privada, de cada indivíduo que acredita na liberdade. Terá que ser um esforço hercúleo, pois a luta sem dúvida é desigual: os coletivistas apelam às emoções, vendem promessas utópicas, eximem os indivíduos de responsabilidade e utilizam a máquina estatal a seu favor. Mas os liberais contam com um poderoso aliado: a razão! Com o tempo, esse monopólio esquerdista será derrotado. Mas é preciso começar a agir. Os inimigos da liberdade já conquistaram espaço demais. Vamos dar um basta!
Encerro com as palavras de Ayn Rand, numa tradução livre:
“Aqueles que querem a escravidão deveriam ter a benevolência de nomeá-la por seu nome apropriado. Eles devem enfrentar o significado completo daquilo que estão defendendo; o significado completo, exato, específico do coletivismo, de suas implicações lógicas, dos princípios em que é baseado, e das conseqüências finais a que estes princípios conduzirão. Eles devem enfrentar isso, e depois decidir se isso é ou não o que eles querem.”
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