A Moody’s fará nova avaliação da nota (rating) de crédito da Petrobras até o fim do mês, afirmou o vice-presidente e analista sênior de crédito soberano da agência de classificação de risco, Mauro Leos, após participar na terça-feira de um evento para discutir a economia brasileira, promovido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. No fim de janeiro a nota da estatal foi cortada pela Moody’s para Baa3, o que significa que, em caso de novo corte, a companhia perderia a classificação de grau de investimento, considerada segura pelos investidores.
“Os desdobramentos ligados à Petrobras estão se tornando crescentemente relevantes”, disse Leos. Para ele, há uma “interconectividade” alta da petroleira com a economia, ou seja, uma piora na empresa pode afetar a atividade do país, com consequente impacto na nota da dívida do Brasil.
Para 2015, Leos ressaltou que as previsões para o Brasil não são nada animadoras, variando de estabilidade a queda de 1% no Produto Interno Bruto (PIB). “A Petrobras complica a situação em todos os aspectos”. Ele destacou que os desdobramentos das investigações da Operação Lava Jato podem levar à contração da economia mais para perto de 1% este ano ou mesmo um nível pior.
Até o fim do mês os analistas da Moodys vão avaliar a situação da Petrobras e decidir se a nota será rebaixada. Como ficará a questão do endividamento da estatal e em que medida ela pode precisar de apoio do governo e a disposição de Brasília em dar suporte financeiro estão entre os pontos que serão discutidos. No fim de janeiro, a Moodys anunciou um corte da nota de crédito da empresa.
País
A Moodys deve se reunir no meio do ano para avaliar a economia brasileira, mas tem até o início de 2016 para decidir se rebaixa o rating soberano do país, de acordo com Leos.
Em setembro de 2014, a Moodys mudou a perspectiva do rating brasileiro para negativa, indicando que a nota poderia ser rebaixada. Leos explicou que a decisão sobre o corte pode ocorrer de 12 meses a 18 meses após a mudança da perspectiva, ou seja, até o início de 2016. Mesmo se for rebaixado, o país continua na classificação de grau de investimento.
Segundo Leos, a decisão da Moodys foi esperar para ver o que aconteceria com o Brasil após as eleições, por isso optou por fazer a mudança da perspectiva da nota em vez do rating em si. A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda foi uma surpresa “claramente positiva”. “Quando mudamos a perspectiva do rating para negativa não estávamos pensando em alguém como ele.”
O problema é que em seguida veio o escândalo gerado pelas denúncias de corrupção na Petrobras, que têm impacto negativo e podem contaminar a economia, avaliou Leos. Com base em previsões do governo e estimativas da agência para 2018, ele prevê que o crescimento continuará baixo, ao redor de 2% na média entre 2015 e 2018 ante 2,9% entre 1999 e 2014. Já a dívida bruta do governo aumentará de 57% para 62% do PIB, enquanto o saldo primário reduzirá de uma média de 3,2% para 1,9% do PIB.
Fonte: Veja.
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