O falecimento de Regis Bonelli, ocorrido ontem aos 75 anos, representa uma grande perda. Bonelli, que detinha o título de PhD pela Universidade de Berkeley, foi um incansável pesquisador das questões relevantes da economia brasileira. Conheci-o nos anos 1980, quando ele trabalhava no Ipea, e depois como diretor do BNDES.
Bonelli é autor, coordenador ou participante de uma vasta bibliografia sobre a economia brasileira. Foi pioneiro na identificação do esgotamento da estratégia de substituição de importações dos governos militares. Antenado no que identificava como problemas mais graves e nos desafios do Brasil, dedicou-se a estudar as causas da queda da produtividade, que reforçou a percepção de que isso era a causa básica da perda de dinamismo da economia a partir dos anos 1980.
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Nos últimos anos, Regis atuou como pesquisador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas. Nessa posição, coordenou o que me parece o mais importante diagnóstico sobre a estagnação da economia. A obra, “Anatomia da Produtividade no Brasil” (Editora Elsevier, 2017), reuniu 23 dos melhores economistas brasileiros, ele incluído.
No prefácio, Naercio Menezes Filho, professor de Economia do Insper e da FEA/USP, afirmou que “O livro é leitura obrigatória para quem quer entender o nosso grave problema da produtividade e por que isso pode afetar o nosso crescimento econômico por vários anos se nada for feito”.
Para o jornalista Fernando Dantas, que escreveu uma das orelhas do livro, “o leitor é levado a uma verdadeira viagem pelos incontáveis aspectos e facetas da questão da produtividade, com variados diagnósticos e recomendações”. E concluiu “ignorar a questão da produtividade é renunciar ao desenvolvimento”.
Regis Bonelli se debruçou, em sua longa e profícua atividade acadêmica e de servidor público, em outros temas, todos associados ao crescimento da economia brasileira. Sua contribuição ficará registrada como uma das mais relevantes nessa área.
Como seu admirador, junto-me aos que o homenageiam nesta hora triste e lamentam a lacuna que ele deixa. Regis vai deixar saudades.
Fonte: “Veja”, 14/12/2017
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