O número de mortes violentas cresceu em 18 estados em 2014, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública a ser divulgado hoje. O dado inclui homicídios dolosos, latrocínios e mortes provocadas por policiais. Na avaliação do cientista político Renato Sérgio de Lima, um dos responsáveis pela pesquisa, as estratégias adotadas pelo poder público contra a violência não estão dando resultados.
Em 2014, 58.559 pessoas foram assassinadas no Brasil — é como se um brasileiro fosse morto a cada dez minutos. No ano anterior, foram 55.878 mortes. A taxa de homicídios a cada cem mil habitantes, média utilizada internacionalmente, ficou em 26,3. O índice manteria o Brasil na lista dos 20 países mais violentos do mundo, segundo o Escritório para Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas (ONU), à frente de Ruanda e República Dominicana.
— O Brasil está longe de ser um país pacífico. A cada ano, temos essa quantidade absurda de mortes — afirma Lima, vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum. — Isso não é um problema de um governo ou outro. É um problema nacional e não pode ser ignorado.
Segundo Lima, a redução no número de mortes violentas no país depende de mudanças na forma como estão organizadas a polícia e o Judiciário, que não se modernizaram. Ele dá como exemplo o fato de que o país investiu cerca de R$ 70 bilhões em Segurança Pública em 2014, número compatível com o gasto por nações europeias. Apesar disso, as mortes aumentaram.
O Ministério da Justiça informou que fez um diagnóstico dos homicídios no país e concluiu que metade dos crimes foram registrados em apenas 80 municípios. “A intenção é pactuar ações com União, estados e municípios para priorizar áreas como estas, dentro de um conjunto de políticas públicas em defesa da vida — inclusive operações integradas”, informou a pasta, em nota.
Segundo o ministério, o Pacto Nacional de Redução de Homicídios vai envolver ações de Segurança Pública, política penal, acesso à Justiça e alterações legislativas.
A maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes do país foi registrada em Alagoas: 61,9. Se fosse um país, o estado seria o segundo mais violento do mundo, atrás apenas de Honduras. O governo de Alagoas informou que adotou este ano medidas que reduziram em 22% o número de homicídios com relação aos nove primeiros meses de 2013. A meta é chegar ao fim do ano com média mensal de 50 mortos por 100 mil pessoas.
Rio tem 12ª taxa mais alta
As mudanças feitas em Alagoas deverão servir de piloto para o pacto proposto pelo Ministério da Justiça. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, houve integração de órgãos que trabalham com Segurança e organizações civis, que se reúnem diariamente para planejar o combate à criminalidade. Cresceram as prisões, apreensões de drogas e de armas de fogo.
O Estado do Rio tem uma média de 30 homicídios por 100 mil habitantes, a 12ª mais alta do Brasil. O índice é próximo dos registrados por Colômbia (30,8), o 13º país mais violentos do mundo, de acordo com a ONU. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, os números de letalidade violenta estão em queda desde 2008, quando tiveram início as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
São Paulo é o estado com menor índice de homicídios do Brasil: 10,3 mortos a cada 100 mil habitantes, comparável a Togo, a 56ª nação mais violenta. A Secretaria de Segurança Pública informou que os primeiros oito meses do ano registraram o menor número de homicídios desde o início da série histórica e que está desenvolvendo ações para reduzir a letalidade policial.
Fonte: O Globo.
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