Estudos recentes, ao apontarem para a queda dos investimentos privados e para o baixo nível de confiança na governança do país, mostram que, principalmente, os empresários e a classe média estão com seu ânimo em baixa.
Sabemos o que seria o receituário econômico correto para uma mudança de humor. Se, por hipótese, assume um governo efetivamente liberal, favorável a um Estado enxuto, com regras simples e estáveis, respeitador de contratos e direitos de propriedade, tudo se encaixa na direção de maiores investimentos e produção. Contrariamente, quando se estabelece um governo que vê no Estado a solução de todos os males; que recorre pesadamente ao aumento de tributos e ao endividamento para financiar suas despesas; que faz crescer a burocracia e intervenções discricionárias no domínio econômico e que coloca em risco direitos de propriedade, o resultado é o baixo crescimento e a desesperança.
Mas, ocorre que não é só no campo da economia que encontramos obstáculos a uma mudança de ânimo. Deirdre McCloskey mostra em seu último livro, “Bourgeois Dignity: Why economics can’t explain the modern world” (The University of Chicago, 2010), que o reconhecimento das virtudes da burguesia tem tido papel capital no crescimento de países como China e Índia, assim como já tivera relevância destacada na Revolução Industrial inglesa e na disparada do capitalismo no final do século XVIII. Ou seja, fatores culturais, os conceitos que uma sociedade faz sobre a sua burguesia, pesam tanto ou mais que medidas econômicas na indução de inovações e empreendedorismo.
Neste aspecto cultural, definidor de um “clima” onde se insere a nossa “burguesia”, a verdade é que estamos muito mal parados. Nossos governantes veem a empresa privada como algo apenas suportável para pagar impostos e financiar campanhas políticas. As manifestações artísticas, com subsídios públicos, apresentam empresários como espertalhões, exploradores da mão de obra, sonegadores de impostos e enganadores de consumidores. Nossa sociedade renega o mérito de sua elite e cultiva o “pobrismo”. Bandidos são vistos como vítimas e o trabalhador honesto deve sentir-se culpado pelas mazelas sociais existentes. Discursos de autoridades e medidas legais estimulam conflitos entre classes, raças e sexos. Invasões e destruição de propriedades privadas, na cidade e no campo, ocorrem com o beneplácito da Justiça e da polícia. Por fim, constata-se que já há tanta gente dependente de dinheiro público que parece ter sido ultrapassado o point of no return a partir do qual não se contém mais a tendência de expansão do Estado.
É este “clima” geral, reinante no campo das ideias e da cultura, mais que medidas tópicas de política econômica, que está determinando o estado de desânimo da população mais esclarecida. Neste campo, uma reversão de quadro torna-se bem mais difícil, pois será preciso combater décadas de impregnação marxista em corações e mentes de nossa juventude, no exato momento em que uma facção política despudorada vale-se de todos os meios para perpetuar-se no poder. Mas, mãos à obra. Antes tarde do que nunca.
Sua observações estão na direção acertada. O Estado a serviço do Povo, e não não o Povo a serviço do Estado e aos interesses daqueles que governam.
Excelente.