De um lado, o desafio das startups é conseguir investimento para fazer o projeto acontecer e desenvolver o mercado. Do outro, as grandes empresas têm dificuldades para inovar e investem cada vez mais em programas de inovação na sua área de atuação. É aí que surge o movimento ‘100 Open Startups’ com a proposta de conectar os dois lados. O movimento identifica as 100 startups brasileiras mais atraentes para grandes empresas e promove essa interação. Veja a lista aqui.
Diferentemente dos programas de inovação promovidos pelas próprias empresas, que buscam soluções direcionadas para seus problemas, o ‘100 Open Startups’ debate grandes temas da sociedade, ou seja, as startups apresentam soluções que podem gerar projetos-piloto para empresas de diferentes áreas.
O ranking foi definido a partir de 1,5 mil startups que participaram do movimento entre julho e dezembro. A pontuação é baseada no próprio interesse das grandes pelas startups. As líderes, por exemplo, chamaram a atenção de 23 companhias. Um grande encontro dos empreendedores para um networking está previsto para o dia 22 de fevereiro, no 8º Open Innovation Week, em São Paulo.
O ‘100 Open’ é um programa do Wenovate, uma organização criada por investidores que conecta pessoas e instituições em torno de programas de inovação aberta. Atualmente, 50 grandes empresas fazem parte dessa rede, como IBM e 3M. Veja a lista dos ‘amigos da inovação’ aqui.
Do ranking atual, 95% das startups estão prontas para realizar projetos pilotos, 60% já faturam e cerca de 30% receberam investimento superior a R$ 300 mil. O fundador da Wenovate, Bruno Rondani, explica que a ideia é manter o ranking ‘vivo’ e atualizado a cada três meses, conforme a entrada de novas startups e o interesse das empresas.
Líderes. Duas startups aparecem no topo do ranking: Nama e Virtual Care. A primeira está focada em criar relações mais naturais e inteligentes com o computador e oferecer soluções de atendimento (mensagem ou voz) via inteligência artificial. A empresa lançou a plataforma Babe há dois meses, que permite a automatizar a conversa entre empresas e consumidores. Robôs de inteligência artificial funcionam como atendentes 24 horas por dia, onde toda a conversa fica registrada, e em caso de algum problema, uma pessoa pode assumir o atendimento.
A proposta é conectar diversos serviços na plataforma, deixá-la cada vez mais inteligente para o robô conseguir responder de uma forma mais precisa e oferecer o serviço certo para o usuário, como a compra de passagens, pedir um táxi ou entrar em contato com o SAC para pedir a segunda via de um boleto, por exemplo.
O fundador da Nama, Rodrigo Scotti, se interessou pelo Open Innovation por conta da visibilidade e modelo trabalhado. “A ideia de se aproximar de empresas fala mais alto do que investidores. Queremos conhecer, saber o que eles acham”, conta Scotti. A Nama já recebeu R$ 400 mil de investimento-anjo para criar a tecnologia.
A Virtual Care foi a outra empresa que gerou o maior interesse com um conceito dentro do mercado de wearable devices, especificamente com uma pulseira. Mas ao invés de seguir o caminho fitness, o foco é entender o comportamento do usuário e o estado de saúde do idoso para identificar qual doença ele estaria desenvolvendo. “A expectativa é que seja um ponto de mudança de cultura e ainda uma ferramenta para o médico dar o diagnóstico com dados concretos”, afirma Marco Salles, sócio da empresa com Antonio Valério Neto e Onofre Neto.
A proposta é conquistar operadoras e seguradoras de saúde como clientes, mas a startup não descarta vender diretamente para o consumidor. “A ideia da operadora é redução de custo. Trabalhar saúde em vez de doença”, diz Salles.
Rede. “Queremos tirar essa visão de empreendedor herói e colocar como uma profissão, um tipo de carreira. Não existe um perfil ideal de empreendedor”, destaca Rondani. O fundador explica a proposta da plataforma é funcionar como um ‘Tinder da inovação’ para juntar empreendedores e grandes empresas para desenvolver projetos-piloto.
A Wenovate atua como uma entidade sem fins lucrativos, aberta a todos. A empresa que aderir se compromete a investir nas startups e a avaliar os projetos. E a startups que conseguirem investimento de empresas de fora do grupo precisam convidá-la a entrar no grupo. “É um processo de rede, inspirado na economia compartilhada, de dar e compartilhar conhecimento”, afirma Rondani.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 8 de janeiro de 2016.
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