Líderes chineses se reuniram no último dia 9 de novembro para discutir e tornar público o novo plano de metas que guiará a nação nas próximas décadas. A mudança mais significativa será o foco no mercado interno e não mais as exportações, predominantemente para os países ocidentais, como fator determinante para o crescimento da economia chinesa.
Como já era notório, a população rural vem migrando para os grandes centros urbanos que estão em plena expansão, fato esse que faz crescer em larga escala a importação chinesa de produtos como cimento, aço, metais e minerais voltados para a ampliação dos grandes centros. Essa população que sai do campo e vai para a cidade necessita cada vez mais de alimentos (ponto para nós) e devido às limitações de áreas produtivas por lá, faz crescer mais e mais a importação de carnes e cereais para atender a essa população.
Por conta da mudança de foco no fator de crescimento, a partir de agora o mercado consumidor interno será privilegiado por lá. Lendo essa informação de uma maneira diferente, o destino preferencial dos produtos chineses não será mais o exterior e sim a própria China. Com isso, abre-se uma nova oportunidade para países com indústrias competitivas ocuparem o lugar da China, com o passar dos anos, nos mercados onde ela diminuir sua atuação.
Abre-se também a possibilidade da exportação de bens de consumo para a nova classe consumidora chinesa, que tende a ficar maior ainda devido à possibilidade de aumento do número de filhos nas famílias chinesas que, até então, era controlado, mas que agora deve ser mais flexível, pois com o passar dos anos a China precisará de mais consumidores, que surgirão a partir do aumento da população.
Qual a influência dessa mudança chinesa no Brasil?
Olhando pelo prisma tupiniquim, estamos frente a uma oportunidade interessante, pois temos uma indústria relativamente grande e mão de obra disponível. Com isso, temos a chance de fazer renascer a nossa indústria e comércio exterior sem interferir no progresso advindo do campo e que tem como destino o mercado externo. Sobre a nossa indústria, obviamente ela precisa ser mais competitiva e não apenas esperar que os deuses do câmbio atuem a seu favor. Uma nova política industrial e tributária, além da melhoria em nosso sistema logístico, será fundamental para que essa oportunidade que está pintando em nosso horizonte seja aproveitada em sua plenitude.
Para isso, precisamos de investimentos em nossa infraestrutura e de articulação política para as reformas necessárias. Infelizmente nenhum desses dois pontos vêm sendo bem trabalhados atualmente. Dados recentemente publicados pela Bloomberg mostram que 51% dos investidores que participaram de uma pesquisa feita pela emissora não confiam nas políticas adotadas pela atual administração federal. Esse descrédito é oriundo da falta de diálogo entre governo, mercado e população, e também da tendência constante desse governo em ignorar informações relevantes do restante do mundo (como essa recente mudança de rumos na China).
Citando Ghandi, que disse “Seja a mudança que você quer ver no mundo”, concluo que todo ciclo tem seu início, meio e fim e, com o tempo, mudanças são necessárias, não por que tudo deu errado, mas por que o que está sendo feito agora já não está mais dando certo. A China nos deu o exemplo, e creio que deveríamos nos inspirar nas mudanças chinesas para desenhar um futuro mais bem delineado do que o atual.
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