A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise sem precedentes. Os números do desemprego na Espanha, por exemplo, são assustadores. Dados recentes apontam que 26% da população estão sem trabalho, totalizando quase 6 milhões de pessoas.
A juventude europeia não foi preparada para a adversidade. A frustração apresenta uma pesada fatura: violência, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, Aids e drogas. A ausência de cenários compõe a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de contestação.
O quadro brasileiro é bem diferente. Felizmente. Temos inúmeros problemas (violência, drogas, corrupção, desigualdade, baixa qualidade da educação), mas somos um país de gente alegre, com capacidade de sonhar. Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o rumo das sociedades.
O Brasil é um emergente respeitável. O nosso grande capital é o vigor da juventude. O desinteresse pela política, evidente e medido em inúmeras pesquisas, é, na verdade, uma rejeição ao comportamento imoral de inúmeros políticos. E isso é bom. Trata-se, no fundo, de um sinal afirmativo. Os jovens estão em rota de colisão com a politicagem tradicional. Os políticos não se dão conta, mas o modelo está esgotado. Os partidos, se quiserem ter alguma interlocução com a juventude, vão ter que se reinventar.
A juventude atual, não a desenhada por certa indústria cultural que vive isolada numa bolha ideológica, manifesta uma procura de firmeza moral, de valores familiares e religiosos. Deus, família, fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacrônicas nas últimas décadas, são valores claramente em alta. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontro do Papa com os jovens, em julho deste ano, no Rio, vai surpreender muita gente. Espera-se mais de 2 milhões de jovens de todos os continentes. É muito mais que a Copa do Mundo e as Olimpíadas juntas.
A família, não obstante sua crise, é uma forte aspiração dos jovens. Em inúmeras pesquisas, apontam a família tradicional como a instituição de maior ascendência em suas decisões.
No campo da afetividade, antes marcado pelo relacionamento descartável, vai se impondo a cultura da fidelidade. O tema da sexualidade, puritanamente evitado pela geração que se formou na caricata moral dos tabus e das proibições, acabou explodindo, sem limites, na síndrome do relacionamento transitório. Agora, o rio está voltando ao seu leito. O frequente uso de alianças na mão direita, manifestação visível de compromisso afetivo, revela algo mais profundo. Os jovens estão apostando em relações duradouras.
Quem não perceber, na mídia e fora dela, essa virada comportamental perderá conexão com um importante segmento do mercado de consumo editorial.
Fonte: O Globo, 04/01/2013
os europeus não contavam com a roda gigante q é o mundo.
um dia estamos por cima outro dia estamos por baixo e temos q preparar nossos filhos para a adversidade.