Bastou o Conselho Monetário Nacional regulamentar o funcionamento das fintechs, empresas que oferecem serviços financeiros por meio de plataforma tecnológica, para que novos investimentos fossem anunciados no setor. E quem tende a se beneficiar com essa movimentação é o consumidor, seja com custo mais baixo em financiamentos, na transferência de recursos ou ainda com remuneração mais atraente para as suas reservas.
Para conceder empréstimos, essas empresas encontravam-se na total dependência de bancos para a intermediação da operação, na captação de recursos com aplicadores e no repasse a quem solicita financiamento. Com as mudanças determinadas pelo CMN no último dia 26 de março, as fintechs ganharam mais autonomia para essas transações.
Não por acaso, no dia 30 de março, o Banco Inter foi a primeira fintech a abrir seu capital e, com a oferta inicial de ações, conseguiu captar mais de R$ 721 milhões na Bolsa de Valores, a B3. No final de janeiro, o Inter contava com 435 mil correntistas, oferecendo entre seus principais atrativos, a gratuidade na abertura de conta corrente, emissão de cartão e transferência de recursos.
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No dia 3 de maio, o Banco Neon, outra fintech, anunciou a recepção de investimentos da ordem de R$ 72 milhões. O Neon conta com 600 mil usuários, não tem agência física, e toda a movimentação é feita por meio de aplicativo. Lançou um cartão, isento de anuidade, com distribuição inicial de 5 mil unidades, e oferece aplicações em CDB, com rendimento equivalente a 100% do CDI, com possibilidade de saque a cada dia.
Os modelos de atendimento adotados por essas novas instituições podem até causar estranheza a quem se acostumou a ter conta em bancos tradicionais, indo à agência, conversando com o caixa ou tomando um café com o gerente. Afinal, todo o relacionamento será feito por canais remotos, pela internet ou telefone. Mas trata-se de uma adaptação necessária para quem pretende aproveitar as vantagens trazidas pela tecnologia.
Empréstimos
inNo que diz respeito ao crédito, há várias financeiras que já oferecem crédito com operações totalmente realizadas pela internet. No site dessas empresas é possível fazer simulações do financiamento. Informando somente o valor e o prazo, o consumidor fica sabendo quanto vai pagar de prestação. Uma ferramenta que facilita e muito a tomada de decisão.
Quem quiser prosseguir no processo e efetivar o empréstimo terá de informar seus dados pessoais. Após análise, a financeira informa se o crédito foi aprovado ou não. Em caso positivo, o dinheiro é creditado na conta corrente informada pelo candidato e em espaço curto de tempo. É tudo rápido, sem muita burocracia e, o mais importante, a custo inferior ao dos grandes bancos
Especialistas acreditam que o segmento tem tudo para crescer, mas apostam em um movimento gradual, principalmente porque se trata de uma fatia pequena de empresas que operam atualmente no setor. Vai depender também do consumidor conhecer, conscientizar-se e ficar convencido das vantagens oferecidas pelo novo modelo de negócios com as financeiras.
O fato é que o aumento da concorrência no mercado deve contribuir para a queda efetiva dos juros no crédito. Atualmente, entre as empresas mais populares desse segmento estão a Lendico, a Just, a Creditas e a Geru.
No site da Lendico é possível comparar o valor da prestação de um empréstimo contraído nessa fintech com a de uma a ser paga nos cinco maiores bancos do País. Para um financiamento de R$ 10 mil, a ser pago em 12 meses, por exemplo, a prestação seria de R$ 1.019 na Lendico, de R$ 1.091 no Banco do Brasil, de R$ 1.118 no Santander, de R$ 1.123 na Caixa, de R$ 1.153 no Itaú, e de R$ 1.203 no Bradesco.
Apenas com a comparação entre as prestações é possível notar que há diferenças consideráveis. E avançando um pouco nos cálculos, é possível constatar que a diferença entre a oferta mais barata e a mais cara supera 18%. Na Lendico, o consumidor pagará um total de R$ 12.228 e no Bradesco, R$ 14.436. Quer dizer, na prática, o devedor estará pagando o equivalente a duas prestações a mais no Bradesco.
Ao levantar um empréstimo, é sempre importante perguntar pelo Custo Efetivo Total que, além dos juros, considera imposto e outras taxas. Ele é a base mais adequada para efeitos de comparação.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”