O Federal Reserve (Fed), banco central americano, acaba de anunciar que vai deixar abertas as comportas de liquidez.
A enxurrada de dólares vai continuar. A queda de sua cotação contra as demais moedas foi a reação instantânea dos mercados. Como também a alta das bolsas e dos preços das commodities.
Com a maré subindo, sobem todos os barcos. As bolhas nas bolsas e nos mercados imobiliários foram estimuladas pelo excesso de liquidez. A ressurreição do ouro nesta década, chamado de “relíquia bárbara” por Keynes, é um monumento ao “trabalho” do Fed. O avanço do preço do petróleo é outro. E agora o maior dos monumentos: a nova muralha da China.
Os chineses ameaçam erguer uma “muralha de fogo” para isolar a produção e o emprego locais da incessante desvalorização do dólar. Os conflitos tornam-se explícitos. A linguagem, cada vez mais belicosa.
O Brasil lançou o alerta de uma iminente “guerra cambial”, a nova dimensão de uma guerra fria há muito deflagrada pelos asiáticos: a “guerra mundial por empregos.” Não estamos numa boa posição nessa guerra por empregos. Parte disso é nossa culpa. Temos excessivos encargos sociais e trabalhistas. Impostos elevados e muita burocracia contra empreendedores.
Juros demasiado altos pela combinação perversa de aperto monetário com frouxidão fiscal. E estamos perdendo a guerra mundial por empregos também no front externo.
A tsunami de liquidez dos americanos (derrubando o dólar) e a manipulação cambial dos chineses (impedindo a valorização do yuan) nos atingem em cheio. A China dançou de rosto colado com os americanos até a explosão da crise. Acumularam mais de dois trilhões de dólares em reservas, roubando empregos em todo o mundo. E mais quase um trilhão de dólares financiando a farra imobiliária nos Estados Unidos. São parte do problema.
A China despeja há muito seu excesso de produção nos mercados mundiais, pois a outra face de sua poupança gigantesca é uma crônica insuficiência de demanda interna. Sob intensa pressão internacional, tem permitido uma gradual mas insuficiente valorização do yuan.
Essa conversa de “muralha de fogo” é uma clara ameaça de interromper esse necessário processo de ajuste cambial.
Temos à frente uma formidável corrida de obstáculos para a geração de empregos.
Não podemos submergir na enxurrada de liquidez dos americanos. E depois teremos de atravessar a “muralha de fogo” dos chineses. Haja fôlego.
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