Eis-nos de novo – e felizmente – diante de um ano eleitoral, com todas as ameaças e oportunidades que as grandes eleições quadrienais costumam trazer.
Antes de tudo, vale registrar um fator auspicioso: justamente por causa dessa normalidade, estaremos diante de uma eleição presidencial em que o atual presidente – como manda a Constituição que ele talvez pudesse até ter alterado – não será candidato à reeleição.
Isso é especialmente significativo porque aumenta a probabilidade de uma alternância no poder, um dos requisitos essenciais para a depuração periódica dos governos e o revigoramento da democracia.
Os leitores de VEJA conhecem (e, espero, simpatizam com) a nossa insistência na necessidade de mudanças e reformas nas principais frentes estruturais do país. São reformas essenciais para que o Brasil, que basicamente anda bem, possa andar ainda melhor após a remoção das barreiras limitantes do nosso ritmo de crescimento e desenvolvimento. Estou me referindo especialmente ao nosso insustentável sistema previdenciário, à esclerosada legislação trabalhista e ao infernalmente complexo sistema tributário. Em idêntico patamar de urgência encontram-se sérias questões como o inchaço e o descontrole de gastos do setor público, a expansão preocupante do tamanho do estado e o claramente disfuncional sistema político.
Reconheço que é muito difícil mudar isso tudo em função da resistência da miríade de beneficiários do status quo. Mas também sei que o melhor (e talvez único) momento em que podemos realisticamente esperar fazer grandes mudanças é o primeiro ano do primeiro mandato de um novo presidente. É evidente, assim, que não podemos desperdiçar a campanha eleitoral que se aproxima. Além dos costumeiros discursos festejando inúmeras “realizações” e dos inevitáveis comerciais repletos de obras, bandeiras ao vento e crianças felizes, precisamos exigir que cada candidato nos apresente – de forma clara, sintética e precisa – seus planos para atacar as múltiplas distorções do mundo governamental e político que tanto dificultam o progresso dos milhões de brasileiros que trabalham, produzem e pagam impostos.
Somente assim, com programas de governo específicos no lugar de promessas amplas e vagas, é que conseguiremos avaliar inteligentemente as propostas e os planos de cada um e decidir em quem votar. E somente assim nos todo-importantes anos seguintes – a começar por 2011 – poderemos cobrar as mudanças e realizações prometidas.
Fonte: Revista VEJA, 30 de dezembro de 2009.
Ledo engano, Mr. Civita. Os partidos são quadrilhas organizadas, mudando apenas o método e a ousadia de seus crimes.
Mr. Civita, quando sua revista assumirá que é um partido político e de imparcialidade não tem nada?