*por Ayn Rand
É hora de desistir? “Nunca leve as coisas ao pé da letra quando não são relevantes; ou melhor dizendo, leve-as ao pé da letra quando se aplicarem literalmente. O que quero dizer com isso? Bem, em “A revolta de Atlas” mostro os homens declarando uma greve. Até não chegarmos ao estado de censura total de ideias, o indivíduo não precisa abandonar a sociedade da forma como as personagens de “A revolta de Atlas” fizeram. Mas, o que devemos fazer, então? O indivíduo deve cortar todas as relações com a cultura. Isso significa: enquanto viver em sociedade, corte todos os seus laços com a cultura dominante (hoje, pós-moderna); ou seja, retire seu apoio de pessoas, de grupos, de escolas de pensamento ou de teorias que defendam as ideias que estão destruindo-o. Se você leu “A revolta de Atlas”, entenderá ao que me refiro por “sanção da vítima”.[1]
Bem, isso é que temos de fazer: quem, de fato, deseja salvar o mundo tem, em primeiro lugar, que descartar todas as ideias da filosofia cultural dominante: não aceite nenhuma de suas ideias. Mantenha-se independente como se já estivesse refugiado em um vale isolado, o Vale de Galt em “A revolta de Atlas”. Viva por conta própria, pelo uso de sua própria mente. Verifique suas premissas, defina suas convicções de forma racional. Não aceite nada por fé, e não confie que seus pais ou avós sabem o que fazem, pois não sabem (provavelmente, já são escravos do altruísmo). Você tem que ser o responsável pela criação de uma nova cultura se, com efeito, é para existir cultura. Esse é o sentido em que se deve aplicar as lições de “A revolta de Atlas” nos dias de hoje.
Você pode observar na história da filosofia que todas as ideias mudam conforme a época, mas a moralidade é o único reino que nunca mudou; só características superficiais dela é que mudaram. Os homens foram ensinados que têm de viver pelos outros como animais de sacrifício (rituais). Abandone a moralidade do altruísmo. Não tenha medo de afirmar o seu direito de existir, mas não o afirme como um capricho arbitrário. Para triunfar, você tem que saber como justificá-lo, racional e filosoficamente, isto é, o porquê você tem esse direito…só quando os homens abandonarem todas as ramificações do altruísmo é que verão o quão benevolente e ideal pode ser a sociedade; e os Estados Unidos quase conseguiu isso — foi o mais próximo que o mundo esteve desse ideal, ao final do século XIX.
Você nem pode imaginar o quão magnífico eram os Estados Unidos na época. E essa realidade não desapareceu por completo, e está em suas mãos reconstruí-la. Mas você precisa entrar em um “retiro cultural”. Abandone o altruísmo ou qualquer ideia baseada nele. Ao menos faça o esforço de pensar e analisar a situação cuidadosamente. Você se surpreenderá pelo quão fácil será essa revolução, e o quão difícil parece agora, mesmo que não seja. Dediquem, nem que for um só dia a essa reflexão, e você terá uma perspectiva diferente. Não quero dizer que isso seja o único necessário, porém, faça-o e, depois disso, você terás que pensar muito mais intensamente que antes, pois a jornada é sua, individual, baseada em seu próprio juízo.[2]
[1] Citado em MAYHEM, Robert. Essays On Ayn Rand´s Atlas Shrugged. p 449-450.
[2] RAND, Ayn. The Romantic Manifesto. p. 10
Fonte: site “Objetivismo”
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