Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostrou que, em 2017, os brasileiros trabalharam 153 dias apenas para pagar impostos — cenário que também prejudica as empresas do país. Outra pesquisa, divulgada pelo Banco Mundial, apontou que o setor privado gasta, em média, 1.958 horas por ano para cumprir as regras do fisco, uma estrutura responsável pela aplicação de bilhões de reais apenas para lidar com a burocracia tributária. Mesmo diante desta crítica realidade, muitas das propostas sugeridas durante a corrida eleitoral acabariam resultando em aumento de impostos diante da dificuldade de concretizar cortes no orçamento da União.
Sueli Angarita, consultora tributária e especialista do Instituto Millenium, é categórica: não há mais espaço para aumento de impostos no Brasil. “Hoje, temos aproximadamente 85 tributos, o que já é algo absurdo! O cidadão e o empresário não aguentam mais essa situação. Quem alimenta o país é a sociedade, produzindo, comprando, vendendo, se a indústria produz pouco, a arrecadação cai. Se, diante disso, o governo eleva a carga tributária, ele tira o dinheiro de circulação, porque as empresas acabam fechando ou migrando para a informalidade”, salienta, ressaltando que a população não vê o retorno do dinheiro investido nos serviços essenciais, como acesso à saúde, educação e segurança. Ouça a entrevista completa no player abaixo!
A especialista explica que, ainda em sistemas como o Simples Nacional e o MEI (microempreendedor individual), é alto o número de inadimplentes. Para ela, a reforma tributária é essencial, mas não é a única mudança que carece o país:
“A situação chegou em um nível tão insustentável, dado o número de desempregados e endividados, que a população está começando a ter noção da importância de uma mudança. A reforma tributária exclusivamente não vai resolver o problema do Brasil. Precisamos de reformas administrativas, temos um Congresso caríssimo, que consome uma boa parcela do que entra com gastos que poderiam ser reduzidos, incluindo a quantidade de parlamentares. No entanto, mudanças no sistema tributário são urgentes e esbarram em travas que não deixam elas seguirem adiante”.