O número de estudantes que concluem o ensino superior no Brasil caiu 5,6% em 2013, a primeira queda em dez anos. Hoje, há um formando (36%) para cada três ingressantes – em 2009, essa proporção era de 46%. Os dados do Censo do Ensino Superior são vistos pelo Ministério da Educação como acomodação em um quadro de crescimento muito forte. Para especialistas, o modelo de expansão do sistema no país pode ter chegado ao limite.
Segundo dados do censo, divulgados nesta terça-feira, 991.010 pessoas se graduaram, 59,4 mil a menos do que em 2012. E a proporção de concluintes também caiu, para 36% dos alunos – queda de 9 pontos porcentuais desde 2010. Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares, a queda se explica pelo aumento considerável no número de vagas abertas. “É natural que, hoje, tenha mais alunos entrando do que saindo”, afirmou.
Para especialistas, como Leandro Tessler, da Unicamp, o recuo pode indicar dificuldades econômicas de mais pessoas bancarem graduações particulares sem ajuda de bolsas e financiamentos – e seria preciso investigar as desistências. “Estamos próximos do limite de possibilidade de pagamento de cursos”, observa.
Em nota, o MEC informou que 97% da queda no número de concluintes se concentrou em 14 instituições, dez delas privadas. Esse grupo sofreu sanções recentes da pasta, como fechamento ou redução de vagas no vestibular. Para instituições que encerraram as atividades, como ocorreu com em 2013 com a UniverCidade e a Gama Filho, ambas do Rio de Janeiro, o MEC garantiu que os egressos teriam o direito de se formar em outras faculdades.
O censo mostra ainda que o ritmo de expansão do ensino superior brasileiro diminuiu. Depois de alcançar um pico de crescimento de 10% a mais de vagas criadas entre 2007 e 2008, esse índice vem caindo consistentemente, alcançando um avanço de apenas 3,7% entre 2012 e 2013. No mesmo período, o número de estudantes que iniciaram um curso em instituições públicas de ensino caiu quase 3%, e subiu apenas 0,5% no ensino privado.
O recuo no número de ingressantes aconteceu em maior proporção nas instituições particulares. O ministro da Educação, Henrique Paim, atribuiu o fato aos cursos a distância. O censo mostra que a redução do número de ingressantes foi de mais de 20 mil nos cursos presenciais e ficou praticamente estável naqueles a distância.
Do mesmo modo, essa seria a explicação para parte da queda no total de formandos entre 2012 e 2013, concentrada nos cursos a distância e em instituições públicas. “Foram turmas específicas, criadas para uma determinada formação. Quando o curso acabou, elas não foram renovadas”, disse Paim.
O total de formandos no ensino a distância na rede federal caiu de 5.942 para 758 entre 2012 e 2013. Já no caso da queda nas privadas, Paim admite que são necessários mais estudos para descobrir as causas.
PNE – O censo indica o quanto o Brasil ainda precisaria crescer para alcançar as metas de do novo Plano Nacional de Educação. O PNE determina que, em 10 anos, 50% dos jovens de 18 a 24 anos estejam no ensino superior. Hoje, a taxa é de 28,7%
Fonte: O Estado de S. Paulo
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