O número de freelancers — profissionais autônomos — cresceu 181% no Brasil, em 2016, segundo o Relatório de Trabalho Independente e Empreendimento realizado pela Workana, plataforma voltada para esses profissionais com atuação em toda a América Latina. O número é mais um reflexo da crise econômica no país, que elevou as taxas de desemprego.
Mas não foram só os candidatos a trabalhos que cresceram. Na Workana, por exemplo, a atuação dobrou em um ano, alcançando 250 mil projetos realizados através da plataforma.
— De um lado, bons profissionais ficaram desempregados. Do outro, empresas tiveram orçamento reduzido e começaram a procurar esses profissionais para negociar valores menores — conta Giselle Franco, gerente executiva da consultoria de gestão e transição de carreiras Thomas Case & Associados, acrescentando, no entanto, que eviste um outro perfil de profissionais: — Mas também existem aqueles que não estão “freelas” por conta da crise e vão continuar assim depois que ela acabar, pois são felizes tendo a liberdade de trabalhar por conta própria.
A atividade autônoma tem diversos atrativos, como permitir a atuação em empresas diferentes ao mesmo tempo e personalizar o horário, mas a especialista lembra que os direitos nesse campo são poucos. Não há pagamentos pelo empregador de benefícios como plano de saúde, cada dia mais caros, auxílio-transporte, ou contribuição para a aposentadoria.
— O ideal seria o profissional conseguir, com a renda obtida, planejar sua previdência privada. Mas a gente sabe que nesse tempo de crise, as pessoas acabam não conseguindo. Suprem apenas a necessidade imediata — afirma Giselle.
Observando sua área de atuação, de RH, Giselle também percebeu alguns riscos envolvidos na atividade.
— Algumas pequenas, médias e grandes empresas, por conta da crise econômica, começaram a pedir consultorias de trabalhadores autônomos, ao invés de contratarem empresas. Mas, do meio do ano passado para cá, algumas não conseguiram cumprir nem com esses autônomos a continuidade dos contratos. E eles ficaram desprotegidos no caminho — lembra.
Atividade é mais democrática com faixas etárias
Na plataforma Workana, as áreas de Tradução e Conteúdos, TI e Programação, e Marketing e Design são as que mais possuem profissionais cadastrados. Mas o estudo também apontou que os freelancers tendem a trabalhar com a combinação de mais de uma categoria de atuação como, por exemplo, Marketing e Design, Marketing e Tradução e Design e TI.
Em contrapartida ao cenário do mercado de trabalho tradicional, em que há predominância das vagas para mais jovens, a igualdade de oportunidades para profissionais de faixas etárias diferentes é um dos pontos favoráveis nos portais que conectam profissionais autônomos e empresas que buscam serviços. O número de profissionais menores de 30 anos que atuam como freelancers ainda é maior (35%), mas cerca de 31% possuem entre 34 e 43 anos e 18% são maiores de 49 anos.
O modo de trabalho dos freelancers, assim como a capacitação deles, também foram pontos levantados pelo relatório. Entre os entrevistados, 74% trabalham sozinhos, enquanto 13,7% têm um sócio e 12,3% trabalham com uma equipe, principalmente para atender às diversas demandas que possuem e, também, oferecem serviços cada vez mais completos aos seus clientes.
Já em relação à capacitação, o estudo apontou que os freelancers estão cada vez mais investindo em novos conhecimentos de suas áreas de atuação, o que é essencial para o crescimento de suas carreiras. Cerca de 41% dos profissionais está estudando atualmente – 25% em cursos de capacitação – e aproximadamente 49% dedicou pelo menos 40 horas de capacitação em 2016.
Conheça pontos positivos
– O profissional pode atuar em empresas e segmentos diferentes, conhecendo outras culturas e ganhando versatilidade.
– O trabalho permite um horário de trabalho personalizado, conciliando com possíveis atividades de estudo e da vida pessoal.
– O freelancer consegue precificar seu trabalho de acordo com o projeto pedido e a empresa solicitante. Assim, é possível compôr um orçamento diferente a cada mês, que possa atender suas expectativas no final.
Conheça pontos negativos
– É mais difícil se planejar financeiramente, quando não há garantia de volume de trabalho e renda no fim do mês.
– O trabalhador não tem benefícios como FGTS, ticket-refeição, plano de saúde, auxílio-transporte ou aposentadoria. Também não há qualquer ajuda quando o seu serviço é dispensado.
Dicas para equilibrar o cenário
– É bom não apostar todas as suas fichas em serviços para uma mesma empresa. Do contrário, se ela tiver problemas financeiros, toda a sua renda estará comprometida. Diversificar suas fontes de pagamento, mesmo ganhando menos em alguns casos, deve ser considerado.
– Organize seu faturamento e encontre uma média. Quando houver um excedente, divida pra os próximos meses.
– O ideal é conseguir pagar plano de saúde e planejar seu futuro com a renda obtida. Assim, considere fazer uma previdência privada.
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