Dois terços dos empregos criados no segundo trimestre foram no Nordeste, mostra a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, elaborada pelo IBGE. Entre abril e junho, a ocupação na região aumentou em 999 mil. Em todo o país, foram abertas 1,495 milhão de vagas formais e informais. No Sudeste, foram apenas 82 mil vagas. Na média do país, o desemprego ficou em 6,8% no segundo trimestre, contra 7,4% no mesmo período do ano passado. A Pnad Contínua acompanha o comportamento do mercado de trabalho em 3.500 municípios do país e é bem mais abrangente do que a atual Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que traz dados para apenas seis regiões metropolitanas e será substituída em 2015 pela Pnad Contínua.
A criação de vagas no Nordeste foi puxada pelo aumento de 10,4% das vagas formais. Na média do país, o crescimento das vagas com carteira foi de 5,1%. No Sudeste, ficou em 4,3% e no Sul, em 4,2%. Apesar disso, o Nordeste se mantém como a região com menor nível de formalização do país: lá, apenas 63,7% dos trabalhadores do setor privado têm carteira assinada, contra média nacional de 78,1%. E o desemprego na região, apesar de ter recuado de 10% para 8,8%, é o maior do país.
— Nessa região, foi observado um aumento expressivo de trabalhadores com carteira assinada. Foi um movimento no cenário econômico que favoreceu essa criação de postos do trabalho. Consequentemente, as duas taxas que mais apresentaram redução foram no Norte e no Nordeste — destacou Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
Resultado reflete investimentos na região
Para Tatiane Menezes, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o bom resultado do emprego nordestino não é pontual e está relacionado ao amadurecimento de investimentos que foram levados para a região, como o Porto de Suape e a refinaria Abreu e Lima, ambos em Pernambuco. Segundo Tatiane, os mercados do Ceará e do Rio Grande do Norte também podem ter contribuído positivamente para o emprego na região. A economista considera, no entanto, que a desaceleração econômica pode frear esse movimento.
— Existe um trem, onde a locomotiva, que é o Sul, parou de crescer. O setor dinâmico está no Sul e no Sudeste, mas quando a economia vai mal, param primeiro o Sul e o Sudeste e depois o Nordeste — avalia Tatiane.
O economista e especialista em mercado de trabalho da UFRJ João Saboia considerou os dados do mercado de trabalho nordestino “extraordinários”.
— A geração de emprego aumenta a sensação de bem-estar da população e pode ter explicado o voto nas eleições — afirma Saboia, em referência à votação expressiva da presidente Dilma Rousseff na região.
A Pnad Contínua também mostrou um retrato do mercado de trabalho mais favorável do que a pesquisa metropolitana de emprego. O economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti chama a atenção para o fato de, na Pnad Contínua, o desemprego estar caindo com geração de vagas. A ocupação subiu 1,7% no segundo trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Na PME, que retrata as metrópoles, o desemprego tem caído porque menos gente está buscando emprego.
— Na Pnad, as pessoas que estão procurando emprego estão achando. Isso ocorre de maneira geral, mas no Sudeste vemos um movimento mais alinhado com a PME, com a geração de apenas 0,2% de vagas e uma ligeira saída de pessoas do mercado de trabalho — afirma Bacciotti.
Fonte: O Globo.
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