O relaxamento da quarentena já aparece no mercado de trabalho. Há mais dois milhões de desempregados desde o início de maio, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad- Covid-19), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
O número de desempregados ficou em 11,8 milhões de pessoas entre 14 e 20 de junho, bem superior aos 9,8 milhões do início de maio. Com isso, a taxa de desemprego subiu para 12,3% contra 10,5% do início de maio.
— Semana a semana, a desocupação vem aumentando. O número de pessoas que estavam afastadas do trabalho passou a diminuir — afirma Maria Lúcia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O número de desempregados não vinha subindo o que se esperava diante do tamanho da crise do coronavírus, pela impossibilidade de procurar trabalho, o que caracteriza o desocupado.
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Segundo Maria Lúcia, como não houve demissões na semana, o aumento do desemprego foi causado pelos trabalhadores que voltaram a procurar uma ocupação remunerada.
— Menos pessoas deixaram de procurar traballho por causa da pandemia. Estavam isolados e agora estão voltando a pressionar o mercado de trabalho em busca de alguma ocupação.
Mesmo assim, há 17,3 milhões de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de trabalhar e não procuraram emprego por causa da pandemia.
— Vem caindo também o número de pessoas que não procuraram trabalho por causa da pandemia. Na última semana, foram menos 827 mil — diz a coordenadora.
“Esse contingente diminuiu em relação à semana anterior (18,2 milhões ou 68,0%) e em comparação com a semana de 3 a 9 de maio (19,1 milhões ou 70,7%)”, diz o comunicado.
Outro indicador de relaxamento foi a volta dos trabalhadores afastados. Cerca de 11,1 milhões (13,3% da população ocupada) estavam afastados do trabalho pelo distanciamento social. São menos 5,5 milhões que voltaram a trabalhar desde maio.
Esse contingente já foi de 16,6 milhões no início de maio. A parcela de afastados caiu de 19,8% para 13,3%. Somente em uma semana, voltou ao trabalho 1,3 milhão de pessoas.
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A pesquisa mostrou que os informais ainda são o que mais estão sofrendo com a crise. A taxa de informalidade “caiu para 33,9%, tanto em relação à semana anterior (35%) quanto frente à semana de 3 a 9 de maio (35,7%)”, segundo comunicado do IBGE.
Com o distanciamento social, os informais estão com dificuldades de continuar trabalhando, por isso a queda.
A pesquisa mostrou também que contingente de pessoas que estão trabalhando em casa, remotamente, manteve-se no mesmo patamar, acima de 8,5 milhões. Na terceira semana de junho, ficou em 8,7 milhões.
— É um número bem estável ao longo das semanas. As empresas estão repensando a forma de trabalhar. As grandes empresas ainda não estão programando o retorno, algumas apenas em dezembro. As instalações não comportam essa nova normalidade — afirma Maria Lúcia.
Fonte: “O Globo”