Na opinião do ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, nos últimos anos, o Mercosul se tornou um instrumento político, mas chegou a hora de retornar às origens, isto é, ser um instrumento de integração econômica. O Paraguai foi um dos principais defensores de reforçar a pressão sobre a Venezuela.
Esta semana vence o prazo para a Venezuela adotar os acordos internos do Mercosul…
Sim, a Venezuela tem até o dia 1º para incorporar as normas jurídicas do Mercosul. Caso contrário, perderá seus direitos a voz e voto.
Quais são as opções? O país poderia ser rebaixado à categoria de associado?
Uma vez que um país se torna membro, como a Venezuela fez em 2012, não pode ser rebaixado. Deixará de ser membro pleno.
O que implica perder seus direitos?
Não participar mais das decisões do bloco.
Por que se chegou a esse ponto?
O Mercosul virou um instrumento político nos últimos anos. Deu-se mais importância ao aspecto político do que à economia. O presidente Horacio Cartes (do Paraguai) sempre disse que o Mercosul devia retornar a suas origens, ser uma associação cuja meta era a circulação plena de pessoas e o livre intercâmbio de bens. O Mercosul foi se politizando, deu-se mais importância ao aspecto político do que à economia.
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A Venezuela entrou ao bloco por motivos políticos?
Não posso dizer isso, o que digo é que, a partir de 2005, o Mercosul passou a ser, principalmente, um instrumento político dos governos.
A Venezuela deixou de cumprir acordos importantes do Mercosul?
Sim, entre eles os que se referem ao respeito aos direitos humanos. Isso é condição sine qua non para estar no bloco.
O Paraguai defendeu a aplicação da cláusula democrática contra a Venezuela…
Sim, mas não houve consenso. Quero que fique claro, nós não temos uma cisma com a Venezuela (o país foi incorporado ao bloco no momento em que o Paraguai estava suspenso, por causa do impeachment do então presidente Fernando Lugo), esta é uma questão técnica.
Fonte: “O Globo”, 29 de novembro de 2016.
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