A alta do dólar promete tirar o sono de economistas, empresários e também da população brasileira. Nesta quinta-feira, 29 de agosto, o dólar sofreu uma valorização de 0,34%. A moeda estrangeira foi cotada a R$ 2,35, na compra, e a R$ 2,36, na venda.
Frente a essa alta, o Banco Central recorreu às reservas do tesouro e injeta dólar no mercado. Por meio da chamada “ração diária”, a autoridade monetária colocou 10 mil contratos em circulação, intervenção equivalente a US$ 398,2 milhões.
O economista Claudio Frischtak comenta que a mudança na política monetária do banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), contribui para a desvalorização do real. “O fim da política mais ‘frouxa’ impacta as economias com intensidades diferentes. O Brasil é mais vulnerável ao vírus do Fed”, observa.
Frischtak explica que, com a recuperação da economia americana e o fim da expansão monetária, os investidores consideram mais vantajoso apostar nos Estados Unidos. “Por isso, estamos observando uma saída de recursos do Brasil”, completa.
“Cacofonia”
O economista destaca que a vulnerabilidade brasileira aos choques cambiais também pode ser explicada por fatores internos. Frischtak esclarece que a economia é regida por três dimensões fundamentais: as taxas de câmbio e de juros e a política fiscal. Para ele, as declarações sobre os juros e, em certa medida, sobre câmbio são atribuição do Banco Central.
“Sinalizações múltiplas e, por vezes, contraditórias provocam uma cacofonia no governo e deterioram o clima econômico do país”, alerta. Além disso, a percepção de que há muitos agentes governamentais interferindo sobre câmbio, juros e política fiscal, como acontece no Brasil, pode afetar a confiança dos investidores. “O aumento da incerteza provoca a retração da atividade econômica e dos investimentos”, completa.
A falta de transparência nas contas públicas é outro agravante, segundo Frischtak. “A credibilidade fiscal do governo é muito baixa. O setor público tem que poupar recursos e recuperar o investimento público, que hoje é residual”, analisa.
Impactos para a sociedade
A disparada do dólar também implica em queda do poder aquisitivo e no empobrecimento da população. O economista explica que a desvalorização do real, em decorrência do fortalecimento da moeda norte-americana, será sentida no preço dos produtos do dia a dia dos brasileiros, como o pão francês. “A maior parte do trigo é importada e, consequentemente, haverá um impacto nas massas”, prevê.
Além da alta dos preços, Frischtak afirma que a população também sofrerá com a provável desaceleração da economia e a queda de postos de trabalho. Diante desse cenário, recomenda a adoção de uma política de austeridade para os próximos anos. “É importante que o Banco Central tome uma posição mais dura. Não podemos deixar a inflação ‘correr solta’”, emenda.
Frischtak acrescenta que a retomada da economia norte-americana não é o único fator para a desaceleração da economia nacional. “Tivemos quase uma década muito favorável ao país, com uma combinação de juros baixos e preços de commodities altos”, lembra. “Esse ciclo muito favorável, do ponto de vista econômico, entra em uma fase menos promissora”, alerta.
Preços em desalinho
BC anuncia programa de US$ 100 bilhões para conter dólar
Quais setores ganham e quais perdem com a alta do dólar?
Sempre fui contra esta coisa do mundo se atrelar ao dolar, pois ficamos a mêrce dos caprichos do federal reserve que sempre terá em suas mão um perverso mecanismo de remonetização, que sempre sera custiado por outras economias, que inertes vêem seus ativos serem drenados para o tesouro norte americano, e que sempre será beneficiado com os atoleiros alheios… acho que o deficit americano afunda as economias mundiais… os europeus como o euro tentaram se desvenciliar do dolar, mais foram incopetentes na administração desta moeda…