Pressa para recuperar décadas de inércia e séculos de atraso na forma de planejar, administrar e, principalmente, de fazer política!
A dívida externa nos “engessou” desde a Independência, que já nasceu dependente dos ingleses, atingiu sua “maioridade” na Guerra do Paraguai, mantido o mesmo credor; ficou “americanizada”, depois da crise de 1929 e da II Guerra Mundial, atingindo seu ápice nos anos de 1980.
Herança lusitana. Cobrança anglo-saxônica.
O Império teve alguns lampejos desenvolvimentistas; o Estado Novo, também; os “50 anos em 5”, de Juscelino, foi uma importante guinada, bem como o “Milagre Brasileiro”. Cada um trouxe avanços e freios, a maioria protagonizada por investimentos estrangeiros, cuja facilidade de obtenção levou a uma nefasta e, por que não, maliciosa dependência das potências ocidentais, no contexto da Guerra Fria.
Depois de muitos planos econômicos tão mirabolantes quanto inconsequentes, para não dizer coisa pior, o Plano Real deu início a um processo de recuperação nacional, que o bom senso dos governantes posteriores tem mantido. Os avanços econômicos, sociais e tecnológicos são evidentes, embora pudessem ser ainda maiores, não fosse a “cultura” política brasileira, que “não desiste nunca”.
O fortalecimento e consolidação do mercado interno tornaram o Brasil menos susceptível às crises mundiais. Porém, conciliar o crescimento do agronegócio e o desenvolvimento industrial, tecnológico e humano continua num compasso não muito diferente dos tempos do império.
Ambos querem crescer e tem fantástico potencial para tanto! No entanto, esse crescimento sofre com os “gargalos” estruturais, fruto de décadas de falta de planejamento ou, melhor, da falta de realização do planejado. Aliás, planejamos muito, mas executamos pouco ou mal. Por quê?
Não falta qualificação técnica e humana aos profissionais brasileiros, tanto que é cada vez mais comum vê-los nos altos escalões de empresas e órgãos internacionais. Ao que consta, o problema também não está mais nos recursos financeiros, como demonstram os PAC e o interesse de investidores estrangeiros.
O Governo Federal quer mais agilidade nos processos e maior participação da iniciativa privada, consciente de que o Brasil precisa tirar máximo proveito do atual cenário mundial, para consolidar e ampliar seu protagonismo no concerto das nações. E o fará mantendo sua tradição de país não-beligerante, defensor da autodeterminação dos povos.
A abertura de mercado, feita nos tempos de Collor e as privatizações feitas por FHC tiveram importante papel na mudança do cenário interno. Elas permitiram a melhoria de infraestrutura e a modernização da indústria nacional. Houve, é fato, falhas nos modelos adotados. Mas a descentralização das ações, com planejamento estratégico centralizado, permitiu significativos e visíveis avanços, potencializando novos e mais ousados.
É certo que a estagnação econômica de quase duas décadas represou inúmeras obras de infraestrutura indispensáveis ao crescimento do país. A Engenharia brasileira, nesse meio tempo, sofreu um extremamente rude golpe, perdendo profissionais para a área financeira e reduzindo o interesse dos jovens por esse setor fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação.
O resultado dessa falta de visão de nossos governantes, aliado à manipulação internacional, via FMI e outros tipos de pressões, faz com que hoje tenhamos que importar técnicos do exterior, para suprir nossas demandas.
O governo tenta contornar esse carência interna em médio prazo, ofertando bolsas de estudo no exterior. Mas, como controla o resultado desse investimento?
O ensino público Fundamental e Médio continua sendo outro enorme “gargalo”, senão o maior de todos! A solução deste ainda é em médio e longo prazo, dependendo das iniciativas a serem tomadas.
No entanto, há que se considerar que dificilmente será possível oferecer ensino público “de ponta” em todas as escolas. Isso depende de infraestrutura física e de qualificação humana.
Seria o ideal, mas, enquanto isso não for possível, é indispensável criar núcleos de excelência onde, por mérito, professores e alunos tenham condições para desenvolver plenamente seus potenciais. Para tanto, da mesma forma que temos “headhunters” no mundo corporativo, precisaremos desse tipo de “caçadores” no âmbito educacional. Já os temos na área esportiva, sem cotas. Porque não tê-los, também, para outras inteligências?
Motivar professores e alunos, nesse sentido, também inclui valorizá-los na mesma medida em que o fazem os países desenvolvidos, onde a atividade docente é uma opção profissional e não uma falta de opção.
Um país, para se desenvolver plenamente, precisa de justiça social, respeito à democracia e múltiplas oportunidades para o desenvolvimento profissional e humano. Precisa motivar as pessoas a buscarem sucesso de forma autônoma, por opção pessoal e mérito, sem descuidar das questões sociais, sem dúvida, mas sem privilegiar indefinidamente compensações e assistencialismos.
Outra necessidade premente do Brasil para resolver e evitar novos “gargalos” estruturais é a descentralização das ações. O planejamento estratégico e a regulação devem ser feitos pelo governo, em sintonia com a sociedade. No entanto, centralizar decisões está na contramão da agilidade necessária! Não adianta exigir pressa na implantação de novas infraestruturas e equipamentos se os licenciamentos e licitações, assim centralizados, não obedecerem ao mesmo ritmo; se a burocracia continuar a propiciar ambientes propícios à corrupção; se políticos de má índole, sem compromisso com a nação e imunes às leis que eles próprios criam, continuarem a fazer de seus mandatos “balcão de negócio” e meio de enriquecimento ilícito; se cada ONG, financiada sabe-se lá por quem e com quais interesses, tiver força para impedir aqui o que não impede em seu país de origem.
Isso não implica em desrespeitar leis ou ignorar questões ambientais e sociais, mas em dinamizar processos, o que não pode ser centralizado e analisado de forma distanciada dos contextos regionais; nem prejudicando uns, para favorecer outros; nem criando desequilíbrios, hiatos ou conflitos regulatórios que geram instabilidade e incerteza.
Descentralização é palavra-chave nesse processo!
Cabe ao governo zelar pelo uso efetivo e adequado dos recursos públicos; e regular, para que não haja desequilíbrio concorrencial, oferecendo as mesmas condições a todos, respeitando o princípio federativo.
O Brasil tem pressa, mas não pode apelar para “clones”; atropelar princípios caros à democracia, nem se dar mais o “luxo” de tropeçar!
Investir em educação e infraestrutura é indispensável!
Entretanto, também é fundamental que nos conscientizemos que os piores itens do chamado “Custo Brasil” são: a corrupção e a burocracia.
Essas, sim, precisam ser erradicadas em curtíssimo prazo… Ontem!
Texto conciso, esclarecedor, com a profundidade precisa!
Belíssima aula de corretas, e indispensáveis, políticas públicas!
A informação sempre é muito importante ainda mais quando é de facil acesso e numa linguagem clara. Quero receber informações sempre que possível.
Maravilhoso e imprescindível texto para todos que lutam por um Brasil melhor. A linguagem fácil tornou a leitura muito prazerosa.
A conclusão inarredavel é que o problema do Brasil é o Estado Brasileiro, pois tanto a corrpção quanto a burocracia são seus intestinos.
Tanto pior por que justamente quem tem poder para mudar é o problema e não aceita que de fato o é, tem o poder mas não a disposição para mudar, no que lhe tange é mais simples transferir a responsabilidade para outro ente e tomar medidas que, por ser desvinculadas do vício de origem, ou dão muito errado ou quando dão certo é pior ainda.
Palavras aqui esctritas de fundamental importância, mas como aprovar ou mudar as leis, se são os políticos, que tem que intervir, mas muitas vezes diminuir impostos, ou unificar impostos por exemplo, diminue a arrecadação, e por ai vai, então é cobrado, para nós votarmos certo, e quando colocamos um vereador, ou deputado, ou presidente como nosso representante, depois dificilmente conseguimos cobrar algo do mesmo, e quando conseguimos, eles falam, que depois que estão lá dentro é mais complicado, porque cada um defende a sua bandeira partidaria. Estou entrando com uma ação contra uma empresa, para rever meus direitos, e meu advogado já disse, se o processo for para Brasília, serão ” 2 anos ” que seu processo ficará ” parado “, e isso que é uma ação trabalhista, se fosse qualquer outra seria muito mais, então hoje sou Tomé, quero ver para crer, porque cada vez estou mais desacreditado com nosso belo Brasil. um Abraço.. e que venha a copa do Mundo…