Os brasileiros que utilizam o transporte aéreo e – com toda razão – estão preocupados com a bagunça que deve tomar conta dos terminais no período das festas de fim de ano podem ficar tranquilos.
A Anac, a agência que zela pela aviação comercial no país, determinou ontem que, entre 13 de dezembro e 15 de janeiro, todas as posições nos guichês nos aeroportos do país estejam sempre ocupadas por funcionários das companhias.
Também ficou estabelecido que se arme um plano de contingência, com aviões de reserva e prontos para substituir os aparelhos que eventualmente sofram alguma avaria que os impeça de decolar.
Para que tudo saia exatamente como foi determinado, a agência escalou 290 funcionários para fiscalizar a operação nos 12 aeroportos mais movimentados do país.
Se as companhias descumprirem as determinações, o usuário, conforme recomendou no passado uma ministra do Turismo, pode relaxar e gozar: logo entrará em cena um funcionário da Anac pronto para lavrar um auto de infração e lascar uma multa exemplar em quem sair da linha.
Se existe algo que as autoridades responsáveis pelo transporte aéreo no país fazem com extrema eficiência, é tratar problemas estruturais com medidas paliativas. E caso elas não surtam efeito, distribuir multas a torto e a direito.
A questão é que os problemas que afetam o transporte aéreo brasileiro são estruturais e não se resolverão com ameaças nem com cara feia.
Tirando a segunda pista do aeroporto de Brasília, inaugurada no já distante ano de 2005, não houve nos últimos dez anos uma única obra feita para assegurar que os aviões decolem e pousem no horário e que, uma vez em terra firme, encontrem vagas para estacionar nos pátios dos aeroportos.
As privatizações realizadas em fevereiro deste ano não tiveram tempo de produzir efeitos em São Paulo, Brasília e Campinas, nem foram acompanhadas por outras medidas – e até hoje o país ignora o que será feito com os demais aeroportos.
Em anos anteriores, o governo se escondia atrás do aumento da demanda provocado pela melhoria da renda da população e, com eles, justificava a situação caótica dos aeroportos.
O problema é que, hoje em dia, nenhuma autoridade pode mais alegar surpresa diante do número de passageiros que frequenta os aeroportos.
Neste mês de dezembro, segundo dados do próprio governo, mais de 17 milhões de pessoas deverão embarcar nos terminais do país – uma quantidade quase 10% superior ao número de dezembro do ano passado.
Tudo o que essas pessoas podem fazer a essa altura é rezar para que as condições do clima não atrapalhem, para que os sindicatos dos aeronautas e aeroviários mais uma vez não cumpram a ameaça de greve que, se ainda não fizeram, vão acabar fazendo (como, aliás, é do feitio deles) e que, por milagre, tudo corra bem nos aeroportos.
Fonte: Brasil Econômico, 11/12/2012
No Comment! Be the first one.