Como esperado, os primeiros dados de maio e junho sinalizam uma franca deterioração da economia brasileira, obviamente atrelada ao cenário internacional.
Esses resultados são um prenúncio de um segundo trimestre que deverá terminar com crescimento ainda menor do que o do já fatídico primeiro trimestre.
Em outras palavras, para crescer parcos 2% neste ano, teríamos que crescer quase 2% na margem no terceiro e no quarto trimestres. Ou seja, já podemos entregar os pontos de que o crescimento não decola neste ano.
A razão é que o pior da crise europeia ainda não aconteceu e isso trava qualquer expectativa de investimento. E o setor bancário está arredio depois dos excessos ocorridos na farra dos automóveis dos últimos dois anos.
Logo estaremos falando de 1,5% como nova possibilidade de crescimento neste ano, e não descarto pensarmos em 1%. Portanto, nada do que o governo fizer agora ajudará muito. Deveria, isso sim, aproveitar o momento de intempérie mundial e aguardar o trabalho do BC de baixar a Selic nos próximos meses.
Não descarto vermos a Selic chegar a 7% ou 6,5% neste ano. É uma janela de oportunidade a favor do crescimento em 2013. Mas não sem tropeços no caminho.
Em janeiro, os EUA terão que decidir o que fazer do pacote fiscal aprovado em julho do ano passado. Se o mantiverem, ficará a dúvida sobre a capacidade americana de diminuir sua dívida; se reduzirem o pacote, podem trazer riscos para o crescimento.
Seria hora de o governo aproveitar a popularidade da presidente e aprovar reformas efetivas para estimular o crescimento de longo prazo. Como provavelmente não veremos isso, a piada do crescimento baixo em 2011 e 2012 infelizmente poderá ser humor negro mais à frente.
Fonte: Folha de S. Paulo, 21/06/2012
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