O governo petista faz questão de se apresentar como de esquerda, defensor dos pobres e das causas sociais, bem como um crítico ferrenho ao pensamento conservador e aos interesses do grande capital. Nesse contexto ideológico, a ilustre senhora presidente da República anunciou a ampliação do programa Brasil Sem Miséria, ofertando um complemento ao Bolsa Família para as pessoas com renda per capita inferior a R$ 70 mensais. Oportuno salientar que o ato do governo foi baixado por medida provisória, ou seja, o Executivo, mais uma vez, se arvorou no direito de legislar sobre matéria política de interesse público a cargo exclusivo do Congresso Nacional que, impassível, foi novamente atropelado pelo ímpeto imperial que reina no Planalto.
Naturalmente, não há divergência quanto à necessidade de ações de combate à miséria e à indignidade humana. Acontece que um problema possui diversas formas de solução. E é justamente quanto ao meio utilizado que o governo oficial revela toda a incoerência de sua fala. Sem cortinas, o Bolsa Família é um programa eminentemente capitalista, pois, ao invés de proporcionar condições sociais (educação, saúde, segurança e amparo), o governo dá dinheiro batido a seus beneficiários. Ora, o dinheiro é a matéria-prima do capitalismo; sem a livre circulação de capital, a economia de mercado não respira, não agrega consumidores potenciais e não faz circular a riqueza produzida nos setores produtivos.
Como se vê, nunca antes na história deste país, tivemos um governo tão capitalista como o que aí está. Logo, esqueça as balelas dos discursos de “esquerda” e das “causas sociais”; tais pautas de retórica vazia apenas servem para iludir os desavisados e enganar o povo com palavras jogadas ao vento. Se fosse social, o governo, ao invés de dinheiro, cuidaria dos idosos e investiria em hospitais públicos, bem remunerando os médicos do SUS; cuidaria das crianças e investiria em escolas públicas, bem remunerando os professores; cuidaria dos trabalhadores e investiria esforços para reduzir a delirante carga tributária que fulmina a competitividade do empresariado nacional.
Vejam que todos os cuidados acima apontados são plataformas sociais, mas defendidos justamente por aqueles tachados de “conservadores”. Aqui, chegamos à grande ironia da cena política nacional: temos uma “esquerda capitalista” e uma “direita socialista”. Nessa confusão ideológica, a história ensina uma única certeza: somente a defesa da lei e da liberdade propicia o saudável desenvolvimento democrático das nações. Um governo febril por medidas provisórias não respeita, abertamente, a lei; assim como cavar valas de dependência de um servil capitalismo de Estado é um sorrateiro apresilhar da liberdade individual. Mas, pela ganância do poder, o que vale a lei, a liberdade e a própria democracia?
Fonte: Zero Hora, 21/02/2013
Gostaria de parabeniza-lo pela brilhante analise que fez do bolsa família, mostrando que de socialista não tem nada, só apanas politica de controle de massa.
Já ouvi a seguinte frase: “Política é a ciência de convencer determinados “clientes”, para obter voto junto ao eleitores e, por consequencia, atender os desejos desses “clientes”. Portanto, o que se vê são políticos buscando insanamente recursos junto a “clientes”, para que sejam construidas campanhas de marketing, com o único objetivo de obter os votos necessários para que os cargos sejam ocupados. Assim, será possível atender as necessidades dos “clientes”/doadores/patrocinadores. Está errado essa forma? Talvez sim. Talvez não. Segundo o que se conhece da história de vários países, essa quase sempre foi a forma adotada. Coincidência, ou não, esses “clientes”/doadores/patrocinadores estão entre aqueles que pagam grandes somas de tributos. Esses “investimentos” retornam na forma de contratos com o poder público, nos quais a rentabilidade é grande. Basta ver os resultados dos grandes “clientes”/doadores/patrocinadores. Portanto, todos ganham. Inclusive os beneficiários das tais bolsas.