O crescimento acelerado da economia chinesa nas últimas décadas foi um dos pontos centrais da conferência “Brasil e BRICs: A retomada do crescimento global”, realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira, 23 de outubro. Os especialistas presentes debateram a influência do país asiático na nova geografia econômica global e as mudanças que impactaram a sociedade chinesa durante esse processo.
Para debater o tema, o Instituto Millenium conversou com a antropóloga, pesquisadora do Centro de Estudos Chineses da Universidade de Harvard e especialista do instituto, Rosana Pinheiro-Machado, que afirma: “O crescimento da China é muito desigual”.
A especialista explica que a desigualdade acontece entre as diferentes cidades e regiões do país: “O crescimento da China é desigual não só no sentido de que serve apenas para alguns. A política chinesa é cada vez mais descentralizada; algumas cidades conseguem ter políticas iguais para todos. Por outro lado, há regiões preocupadas em crescer a qualquer custo, descartando uma população enorme e miserável.”
Rosana defende a privatização do mercado chinês, que segundo ela é “fundamental para o desenvolvimento do país”, no entanto, a especialista critica o sistema de saúde e educação: “Não funciona de forma eficiente para a população.”
“Privatização do self“
A liberdade individual também sofre mudanças na China, afirma a antropóloga. Rosana destaca o fenômeno chamado “privatização do self“, que reflete a sensação de liberdade dos chineses: “As pessoas se sentem mais livres para tomar suas próprias decisões sobre suas vidas, seus modos de ser e de estar no mundo, mas o governo sempre mantém formas de controle à distância”. A censura do Estado ainda se faz muito presente no país, mas já encontra resistência: “Há dois movimentos opostos na sociedade digital chinesa. Por um lado, grupos de jovens militantes nas redes sociais se manifestam pela livre expressão. Paralelamente, o governo chinês intensifica cada vez mais a censura nos meios de comunicação”.
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