No debate do último domingo ficou claro que a candidata do governo colocou a Petrobras no segundo turno e vai utilizá-la à exaustão para tentar vencer as eleições. Suas declarações, que sempre o PT trás de volta nas eleições, de que o PSDB queria privatizar a empresa e agora quer privatizar o pré-sal tentam mais uma vez assustar parte da população que ainda acredita nesse discurso velho, muito utilizado pelos caudilhos na America Latina. É incrível ver a candidata do governo afirmar que a recente capitalização da Petrobras serviu para devolver ao povo brasileiro parte das ações que foram negociadas no governo FHC. Quando foi feita a abertura do setor de petróleo no Brasil a Petrobras nem figurava entre as 10 principais petroleiras. A abertura promoveu o crescimento da empresa e a venda de ações na bolsa de Nova York mostrou a Petrobras ao mundo, inclusive, blindando a estatal dos interesses políticos com p minúsculo, tão usual atualmente. Durante todo esse ano as ações da Petrobras tiveram um comportamento muito abaixo do esperado por qualquer analista de mercado e depois da capitalização grande parte dos bancos concedeu downgrading à empresa. E isso não poderia acontecer com uma empresa que é hoje uma das maiores petroleiras do mundo, tem um corpo técnico que pode ser comparado a qualquer outra grande empresa e é número um em tecnologia de exploração de petróleo no mar. Então como podemos explicar a queda das ações e do valor da empresa, mesmo depois da capitalização? É simples. O mercado precifica a gestão politizada da estatal, a intervenção e a utilização eleitoral por parte do governo. Ao invés de capitalizar a Petrobras o governo poderia ter colocado o dinheiro em escolas e hospitais, já que o importante é ter o controle da empresa, o que já ocorria antes da capitalização e não faz nenhum sentido econômico aumentar a quantidade de ações.
Publicado no blog de Adriano Pires no site do jornal “O Globo”
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