A experiência humana denominada vida ou viver se dá em fases, ou seja, não é um fluxo desordenado de eventos imprevisíveis, como talvez alguns conformistas acomodados queiram e outros teóricos preguiçosos defendam.
Cada indivíduo consciente que pisou, habita ou pisará neste planeta deve a sua existência ao poder da escolha. Ao lado da genética e do meio em que se desenvolve a mente física e metafisica estão as escolhas feitas. O destino, quase todo ele, depende das opções, das decisões entre seguir à direita ou à esquerda, parar ou andar, fazer ou não fazer, dizer ou calar, e tantas outras dicotomias.
Infância, adolescência, juventude, maturidade e velhice. Ainda que sejam realmente sete as fases de troca completa de todas as células do corpo, são cinco as etapas comumente reconhecidas social e biologicamente. A velhice, contudo, é melhor tratada em outras culturas como fase da sabedoria, e não meramente da decadência da aparência.
Logo, a palavra de ordem que garante a conexão entre as gerações é movimento. A estagnação nunca trouxe bons resultados. Tudo que fica parado estraga. É o movimento que alimenta a evolução.
E aqui mora o segredo da eficiência. Qual mover? Como mover? Quando mover? Os mais velhos preferem manobras prudentes, mais pensadas, menos radicais. Os novos optam por atos contundentes e desafiadores. Em comum, todos querem fazer história. Ao defenderem as diferenças no confronto alimentado pela teimosia e orgulho, comum a ambos, prejudicam a escalada da humanidade.
A conciliação entre as gerações é viável. Não é fácil, mas é viável. Se o caminhar da espécie tem base no movimento, a esperança de perpetuação tem pilar na coerência. Por mais que pareça óbvio, na prática não o é.
Os mais idosos tomam decisões com base em suas experiências e, em geral, não se preocupam em explicar objetivamente os motivos que os levaram a tanto. É a imposição do respeito pela idade. Isso não é coerente, não faz sentido.
Os mais jovens observam que pouca coisa deu certo em termos de um mundo mais equilibrado economicamente e, portanto, socialmente tendencioso. Não compreendem ainda que tal quadro faz parte do aprendizado da espécie humana, e não somente de uma parte do globo. Assim, aqueles que não desistiram por acomodação ou desesperança, indicam revoltas e total antagonismo às tradições.
O diálogo franco e ponderado não visa o convencimento, visa, sim, a exposição dos motivos coerentes que embasam as decisões, tanto as tradicionais como as vanguardistas.
Pois bem. Ainda que não exista fórmula exata para a espiral evolutiva, alguns elementos já se mostram: movimento, coerência e juventude.
Juventude. A terceira parte da equação. O fator decisivo.
Não faz sentido contar e muito menos cobrar os jovens quanto à maturidade. As únicas ocasiões em que o amadurecimento suplantou a infância ou a adolescência foram nas guerras mundiais. Na falta de contingente formado, os impúberes eram convocados e estraçalhados na construção de seus caráteres, em nome da nação. Em termos gerais, não se vive tais atrocidades em escala regional.
O que faz sentido é verificar entre os idosos detentores de poder, econômico, político, social, educacional, permanece viva a juventude. Note-se, não a incapacidade de lidar com o envelhecer que torna tantos sexagenários completamente ridículos e até perdulários. Trata-se da jovialidade. Da capacidade de ter lidado com agruras e perdas imensas, e, ainda assim, transmitir esperança e motivação.
Na equação do entendimento, a variável é a leveza. O jovem não pode ser exigido em termos de maturidade, mas deve ser exigido no potencial criativo e determinado, desde que a ambição permaneça leve, sem o peso da ganância. O ancião já foi jovem em idade e desafios. Ganhou e sofreu um tanto. Não deve carregar o peso da frustração, deve emanar o desejo de novos horizontes, cujos alicerces permanecem válidos e eternos. O bom, o belo, a justiça, o Direito, a moral, o equilíbrio.
O jovem tem muito, como se percebe, a ensinar.
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