A ideia de que o lucro é a única finalidade do empreendedorismo tem caído por terra diante da crescente onda de negócios focados em impacto social. A Cuidas surgiu neste contexto, se apresentando como uma opção de saúde a preços acessíveis. Para o CEO da startup, Matheus Silva, o descontentamento do empreendedor com a realidade atual faz com que possamos seguir em frente, inovar, buscar soluções e mudar paradigmas. Confira a entrevista!
O negócio surgiu há menos de um ano e é focado no atendimento empresarial. A startup conta com uma equipe de médicos e enfermeiros que realizam atendimentos no próprio ambiente de trabalho, com uma mensalidade mais acessível quando comparada aos planos de saúde convencionais. A ideia veio da constatação do tamanho do desafio que os brasileiros enfrentam no setor. “A Cuidas nasce justamente no contexto de escassez de opções de saúde de alta qualidade a preço justo. Moramos em um país onde 150 milhões de pessoas não têm acesso a um plano privado e dependem do SUS. Isso significa esperar meses por uma consulta ou exame básico”, explica Matheus.
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Após estudar outros modelos de saúde na América do Norte e na Europa, a Cuidas decidiu focar no cuidado primário através dos médicos da família, um dos grandes diferencias da startup. Quando necessário, o paciente é encaminhado para a realização de exames ou para uma consulta com um médico especialista. Na opinião de Matheus, esse é um dos principais desafios da saúde no Brasil:
“Somos um país de dimensão e população continentais, o que acaba exigindo uma capacidade de gestão muito grande. Quando olhamos para a área da saúde, vemos que as ideias existem, muitas vezes até os recursos estão disponíveis, mas a gestão acaba não sendo boa e eficiente. O SUS, por exemplo, é um modelo que faz muito sentido no papel, mas a execução é falha e deixa a desejar, com raras exceções. Um segundo grande desafio é o foco no especialista. O conceito de médico da família, que cuidava de você por inteiro, entendia seus hábitos e o acompanhava ao longo da vida, está menos presente. Há uma mudança de comportamento que leva as pessoas cada vez mais cedo ao especialista. Um dado bem significativo diz que, no Brasil, mais de 70% dos primeiros atendimentos acontecem na emergência. A maioria desses casos poderia ser resolvida por um bom médico de cuidado primário”.
Para quem está pensando em empreender ou acredita que o empreendedorismo se resume a questões financeiras, Matheus dá um conselho: o que falta em determinada sociedade pode representar um mundo de oportunidade de negócio. “Antes era um ou outro: ou você tinha um trabalho inspirador e de alto impacto ou você ganhava muita grana. O que eu sinto é que, através do empreendedorismo, muitos têm achado o caminho do meio. Na Cuidas, nos perguntamos qual era o problema que os brasileiros iriam enfrentar nos próximos 50 anos, e a gente acredita que é a saúde. Acho que essa é a real razão de empreender: tentar solucionar esses problemas. Aí é que estão as reais oportunidades”.