A dificuldade de diversos países em lidar com a pandemia do novo coronavírus trouxe à tona a discussão de como será o futuro da saúde. O tema foi motivo de debate na conferência online Brazil at Silicon Valley, realizada nesta quarta-feira (03/06). Participaram da conversa Sumant Ramachandra, presidente da Baxter Pharmaceuticals, e Carlos Bustamante, professor de Biomedical Data Science da Universidade Stanford. O painel foi mediado por Anurag Mairal, professor da escola de medicina da Universidade Stanford.
Na conversa, os dois concordaram que a maior lição da pandemia até agora foi mostrar que o futuro da saúde será preventivo e hiperconectado.
Para Ramachandra, sistemas públicos de saúde em mercados emergentes como o Brasil gastam muito dinheiro com o tratamento de doenças de baixa gravidade. “Se você quer ajudar uma população, intervenha de maneira precoce e guarde seu dinheiro para os casos sérios”, afirma.
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O executivo acredita que a telemedicina pode ser uma ferramenta valiosa para o futuro do mercado de saúde. “Você deve tratar em casa o máximo que puder. Os pacientes são levados para o hospital muito rapidamente. É preciso agir de forma preventiva.”
Bustamante concorda. Na sua visão, esse é o caminho – e o Brasil tem agora a oportunidade de segui-lo com a aprovação provisória da telemedicina. “Espero que não voltem atrás, porque avançamos nesse sentido”, diz. Para o professor, esse tipo de ferramenta permite que profissionais da saúde trabalhem com prevenção e de forma ainda mais próxima dos pacientes. Não só no campo da saúde física, mas também da saúde mental. “A telemedicina vai ser um dos reforços mais importantes na batalha da saúde mental temos travado nos últimos anos. A covid-19 vai ser a porta para isso”, diz.
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Outro ponto abordado pelos dois foi a conectividade. Para Bustamante, a pandemia deveria ensinar ao mundo o valor do trabalho em conjunto. “Temos de compartilhar dados. Essa é a mensagem importante de tudo isso. Quando aprendemos algo sobre a doença, temos de partilhar.”
Ramachandra pensa da mesma forma. Para o executivo, há um oceano de dados a ser explorado. Ele cita como exemplo o caso de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). “Há monitoramento de vários lados, dados sendo coletados por diversas empresas. Como cruzá-los e correlacioná-los, para trabalhar com prevenção? Esse é o desafio.” Sobre inteligência artificial, ele é categórico. “Ela não vai substituir o médico. Mas quem não usá-la será substituído no futuro.”
Fonte: “Época Negócios”